Por Bianca Monteiro
Tenho notado o quanto as pessoas mais velhas são intolerantes e se
limitam a julgar qualquer um usando idade e suposta maturidade como
vantagem, já que este é o único elemento indiscutível para que sua
vitória aconteça. “Maturidade”. O que de fato isto significa? Qual é o
critério exato pra definir se uma pessoa é madura ou não?
Numa opinião pessoal, acho que é mais uma questão de bom senso,
consciência, mas infelizmente tudo indica que as pessoas generalizam
conforme a idade. O que não faz sentido algum, se me permite dizer, pois
isso implicaria que todo adulto é obrigatoriamente provido de
informação e cultura e todo jovem está alheio à situação do mundo.
Não aceito esse esteriótipo “adolescente = alienado”. Quer dizer que
agora só porque alguém tem pouca idade é obrigado a ser ignorante? Que
por causa disso qualquer coisa que a pessoa diga não vale a pena ser
ouvida? É muito preconceituoso e sem fundamento nenhum generalizar dessa
forma. Gostaria de compartilhar com vocês a minha revolta com gente que
já demonstra me odiar automaticamente apenas a pergunta básica do
“quantos anos você tem?”. Um absurdo.
O que comprova é a quantidade de gente adulta que vejo ter atitudes
totalmente desnecessárias que nem suas próprias crianças seriam capazes
de ter (e pra isso sim existe critério) e outros jovens (uns até mais
novos do que eu) sendo sempre sensatos, cheios de cultura, de bons
argumentos e dos mais diversos interesses. Aí dizem “os jovens de hoje
são desinteressados na política”, “tenho medo do futuro quando este vai
ser cheio de gente assim”, “esses daí só querem saber de internet”, “um
bando de alienados”, “os jovens de hoje não têm a cultura e os
interesses que nós tinhamos na minha época”. É óbvio que não. É óbvio
que os jovens não se envolverão em áreas em que, quando tentam, são
sempre discriminados com “você não tem idade pra opinar”. Ah, é mesmo?
Só digo: quem é que vai se interessar por um assunto sendo que quando
vai discutí-lo é recebido com prepotência, hostilidade, preconceito e
discriminação? É lamentável. Quem age dessa forma deveria estar ciente
que, se for política, o voto do jovem tem o mesmo valor que o seu. Se
for problema social ou algum assunto polêmico, bom, nem todos os jovens
passam o dia vendo só novelas da Globo e se contentando com
sensacionalismo ou lendo fontes de informações obviamente adulteradas,
alguns coletam diversas opiniões diferentes, e acima de tudo, estudam
sobre atualidades (por obrigações escolares, também) até formar aquele
argumento que está apresentando, tanto trabalho pra ser rebatido com um
“ah, você não conta, você é jovem”.
Eu, que acredito tanto na subjetividade e na individualidade, nunca
aceitaria numa boa ser incorporada num só “grupo” com diversas pessoas
diferentes de mim e entre si, aceitando que somos todos iguais apenas
por causa de um critério tão vago quanto faixa etária. Tempo. O que ele
significa afinal, pra quem está vivo e não se importa em aprender ou
conhecer nada? É válido considerar estes superiores aos que o fazem?
Como li em algum lugar da internet citando uma pichação num muro: “A sociedade que nos educa é a mesma que nos critica”.