sexta-feira, 30 de setembro de 2011

A "PEGADA" DE LENINE

Por Ana Laura Diniz


Não sei do que gosto mais: se é da "pegada", se é da voz ou se é da própria figura: Lenine é genial.

Uma vez, indo à casa da Zélia Duncan, descobri que eram vizinhos. Ah, e eu que já gostava da Urca, passei a amá-la mais e mais. 

Show mesmo, só fui em um dele, em São Paulo. Acompanhada de uma amiga querida, Marina Caruso. Não lembro o local, mas da noite, claro! Principalmente da força, do olhar, da interpretação exata... Sim, sou apaixonada pela arte dele. 

Recifense, cantor, compositor, arranjador, músico brasileiro. Osvaldo Lenine Macedo Pimentel gostava era de rock na década de 70. A vida é que foi aos poucos lhe mostrando os rumos da MPB - e, principalmente, de Milton Nascimento e Gilberto Gil.

Não demorou muito, pegou estrada e se mudou para o Rio de Janeiro. Em 1981, participou do festival MPB da TV Globo, com a composição "Prova de Fogo", e depois lançou com seu amigo e conterrâneo Lula Queiroga - outro grande artista que, por destino - quem sabe? - não teve ainda a projeção nacional que merece - o LP "Baque Solto" (que raríssimo, não tenho; pois nunca encontrei por menos de R$ 200,00 para comprar). Mas os trabalhos na época não "decolavam". 

Participou da banda Xarada, de rock, e apesar de emplacar a música "Mal Necessário" no filme Rock Estrela, de 1985, a coisa parou por aí. Sumiu da mídia, mas não da arte. Retornou oito anos depois com o disco "Olho de Peixe", tendo o percussionista Marcos Suzano como parceiro no trabalho. A sua estrela então brilhou mais alto, e teve músicas gravadas por Fernanda Abreu, a exemplo da dançante "Jack Soul Brasileiro",  Badi Assad, Margareth Menezes, Sergio Mendes e Elba Ramalho. 

Chegou aos anos 90 como uma das grandes promessas musicais. E Lenine não falhou. Em 1997, lançou seu primeiro disco solo - "O dia em que faremos contato.". Nele, músicas como "Hoje eu quero sair só", "A balada do cachorro louco (fere rente)", "Aboio avoado", "Olhos Negros" e "Que baque é esse?" ganharam o Brasil nas rádios, e abalaram estruturas em seus shows.

Dois anos depois, "Na Pressão" chegou respeitando o título da obra, e dentre várias faixas de sucesso, "Paciência" bateu todos os recordes, mostrando um Lenine cada vez mais versátil e profundo - sendo aclamado também na Europa.

E assim segue até hoje. De lá pra cá, lançou "Falange Canibal", "In Cité" (gravou na Cité de La Musique em Paris; o seu primeiro cd/dvd ao vivo). 

Aprecio a sua obra, mas nutro especial emoção por seus dois primeiros álbuns solos, "O dia em que faremos contato" e "Na Pressão". E, por isso, deixo uma pequena mostra desses trabalhos, a fim de ressaltar o trabalho desse grande artista que é o Lenine. Som na caixa, e aguente o baque!





No acústico, a versão mais "light" de "Na Pressão". Vale conferir o cd!



quinta-feira, 29 de setembro de 2011

DIÁRIO DE UMA ADOLESCENTE

FRAGMENTOS, PENSAMENTOS (aparentemente) DESCONEXOS... 


Por Bianca Monteiro




A cada frase que escrevo, imagino a reação de quem me conhece. E rio das prováveis hipóteses que farão sobre para quem meus textos são escritos. Uma dica geral: não costumo falar de uma pessoa só. Meu “você” varia a cada texto. Quem é, só de ler, já sabe.


***

Por algum milagre, um dia em que me senti útil e amada. Isso por causa do excesso de procura das pessoas, mesmo que por motivos banais na maior parte das vezes. Espero ansiosamente o dia em que eu não veja pessoas precisando de mim e acabe sentindo falta de te ver entre elas.

***

Despeço-me dessa história. Já me cansei de perder tempo tentando entender, inventando novas desculpas sobre o porquê de ainda te considerar sendo que nem nos falamos há quase um mês e meio. Os que questionam essa escolha mal sabem que, apesar de me fazer muito mal, essa é a parte que mais gosto e que mais me faz ter orgulho de você. Seu juízo. O juízo de não me querer por perto. Ao contrário do que pensa, acho impossível te substituir. Não posso deixar as lembranças pra trás. E me pergunto se você se sente assim também.

Você costumava ser quem me fazia sorrir, e hoje me arranca qualquer sorriso do rosto sem o menor pudor. Posso até ficar relativamente feliz às vezes, mas não importa: ao ver sua indiferença, quero ir embora e chorar até desidratar. Assim como quando imagino você rindo ao ver todos os planos que fiz depois de você desmoronarem. Tenho essa oscilação de humor causada por você. Meus olhos cheios de lágrimas ao dizer seu nome, minha alteração completa a ponto de perceber sua presença e perder o humor. Era o que você queria? Que eu esquecesse quem parte meu coração pra sofrer pela perda do seu ombro pra chorar? Você era exatamente o tipo de pessoa que nunca me imaginaria vivendo sem. Por ser o único que conseguia me tirar da solidão que é a minha vida, completamente virtual. Mas quando isso se torna necessário... dá-se um jeito. Me viro como posso. Testo o quanto aguento.

P.S.: Dia do Orgulho Nerd, e consequentemente, da toalha. Dia de aguentar piadas de gente que não conhece as coisas que eu gosto e sai querendo julgar sem saber. Cumprir o desafio de sair com a toalha em público não tem preço! Acompanhada de duas amigas, melhor ainda. As duas que ainda me deixam esperanças de que, não importa o quão estranho seja, sempre terá alguém pra compartilhar gostos contigo. E isso, sim, você pode chamar de “amigo”. Obrigada por me aguentarem! Sempre seremos as mochileiras das galáxias.

***
Sabe aquele dia em que dá tudo errado? O meu foi esse. Acordar com a gripe bem pior do que ao longo da semana. Estudar muito, mas pela primeira vez ficar nervosa e esquecer tudo a ponto de não saber nem do que o professor está falando na questão. Estar passando mal e fazer todas as provas correndo pra conseguir entregar antes do meio-dia. Nem assim deu certo. As questões deixadas pra depois acabaram não sendo feitas. Ao menos com visitas em casa, saí e me distraí um pouco. Mas, meu primeiro sorriso do dia foi no ensaio. O acaso é fascinante, não? Merecedor da minha admiração. Apesar de que nós dois dançando somos uma negação. Pra mim, foi comédia pura. Como dizem meus Beatles, “não há realmente nada que eu preferiria fazer, porque estou feliz apenas em dançar com você.”

Minha mãe poderia chegar. Seria a felicidade literalmente tocando a minha campainha. Segunda coisa que compensaria meu dia. Sorte demais dois acasos certos no mesmo dia... pra contrastar com o desastre.

***

Passei a gostar menos de pensar no acaso, admito. Antes, ele era natural, seguia a história de chegar quando menos esperamos. Mas, com nossa última conversa, passei a criar expectativas demais sobre eles e, consequentemente, me decepcionei. Eles cederam. Como eu.

***

Eu superarei, certamente. Eu sempre supero!

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Será que é, mesmo, questão de tempo?

Por Ana Manssour




Imagino que a maioria de nós tem sentimentos que vão da culpa ao arrependimento, da raiva ao conformismo, por não termos tempo de estar com nossos filhos mais do que uma ou duas horas por dia, por não visitarmos nossos pais mais do que uma vez por mês, nem estarmos com nossos amigos pelo menos uma vez a cada dois ou três meses, por não podermos escutar de vez em quando aquelas músicas daqueles CDs que compramos, por não conseguir fazer uma caminhada no parque ou simplesmente dormir mais duas horas por noite.

Você já se deu conta que apesar de reclamar, raramente assume o fato de que gosta de trabalhar? Você gosta de se sentir ocupado, de desenvolver atividades normalmente rotineiras mas que fazem com que se sinta útil, produtivo, fazendo diferença no mundo? Tá certo que recebe um salário por isso (nem sempre justo) e que é ele que lhe dá condições de viver com dignidade e conforto para você mesmo e para a sua família. Mas não é só isso, nem só para ninguém lhe chamar de vagabundo. Você “gosta” de trabalhar. Admita! Até porque isso não é vergonha nenhuma, nem faz de você um ET. Afinal, já passamos da Idade da Pedra e hoje temos muito mais opções do que caçar ou colher frutas para sobreviver e manter a prole.

A questão é que temos que assumir, também as conseqüências de tudo isso. Não que não haja alternativas. Há. Podemos mudar de emprego, de cidade, de carreira, de maneira de trabalhar (eu já fiz tudo isso). Podemos mudar nossas prioridades e aprender a dizer “não” e “basta” (também já fiz, e continuo fazendo). O que eu acho é que não podemos ficar choramingando pelos cantos, nos queixando da vida, que não podemos isso, que não dá tempo para aquilo, que não temos dinheiro para aquilo outro.

Uma das razões é que se não tivermos metas, objetivos a serem atingidos, não teremos também motivação para seguir em frente; portanto, não podemos ter tudo o que queremos nas mãos. Outra razão é que estamos nesta vida justamente para aprender a tomar decisões. É o famoso “livre arbítrio” de que ouvimos falar desde a nossa infância. Essa capacidade de avaliar situações, colocá-las na balança e descartar ou modificar aquilo que não está bom, assumindo os riscos da mudança, é uma das nossas características, pois baseia-se na capacidade de raciocínio com a pitada emocional que nos faz humanos.

Talvez não estejamos falando há duas semanas, em falta de tempo. Talvez estejamos falando em comodismo, falta de análise e de tomada de decisão. Ou, até, de falta de paciência. Afinal, por falar em tempo, todos nós sabemos que o mundo não foi feito em sete dias. E que às vezes é preciso esperar o momento certo para colocar uma decisão em prática ou aguardar uma oportunidade (que pode vir disfarçada de tragédia) para ter o impulso de mudar.

Mudemos, então! Ou não. Afinal, a escolha é sua.

terça-feira, 27 de setembro de 2011

QUITANDA DA VIDA XLV

Telinha Cavalcanti

Quando mudei de Recife pro Rio de Janeiro, ao casar com Amado Marido, descobri que pastel de nata, aqui, é folheado. Lá em Recife não é, a massa é simples.

Pastel de Nata
Esta é a minha receita, com massa simples, mas se você quiser a versão carioca/portuguesa é só substituir por massa folhada :)

Massa:
150 g de farinha
60 g de açúcar
60 g de manteiga em temperatura ambiente
1 gema


Creme

6 colheres de sopa bem cheias de açúcar
1 1/2 colher de sopa bem cheia de maizena
4 gemas
500 ml de leite
baunilha

Como fazer

Massa:
Peneire a farinha, junte o açúcar, a manteiga ou margarina e a gema. Sim, nesta receita pode trocar uma pela outra, não faz mal. Amasse bem até ficar numa consistência de massa de modelar - se ficar muito seca, pode colocar um tiquinho a mais de manteiga, mas não muito. Deixe descansar envolta em plástico-filme. Se quiser deixar na geladeira um pouco, tudo bem, se o dia estiver quente é até melhor.

Creme:
Dissolva a maizena em um pouco de leite, para não deixar grumos no creme.
Em uma panelinha, misture bem o açúcar, as gemas, o leite e a baunilha - 1 colher de chá está de bom tamanho para a receita, mas vai do seu gosto. Leve ao fogo baixo mexendo sempre para engrossar até o ponto de um mingau ralinho.

Montando os pastéis de nata:

Polvilhe um pouco de farinha de trigo na mesa e abra a massa até uns 3 ou 4 mm, mais do que isso fica muito grossa. Corte com forminha de empada ou com aro apropriado e forre as forminhas (também serve usar a fôrma de cupcakes, viu?) - Ó, prestenção, não forre com forminha de papel não!

Leve ao forno médio bem pouco tempo, para não assar, só dar uma "secada" na massa - o creme pode embatumar a massa crua.

Depois da massa pré-assada, encha com o creme até quase a borda. Volte para o forno e espere assar - você vai perceber que a massa fica dourada e o creme fica firme ao toque.

fonte da imagem: blog "Receitas da Cozinha Internacional"

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Feira do Autor. Visuais – os imaginários e os virtuais

invencaomorel [Romance] A Invenção De Morel   Adolfo Bioy Casares

Por Dade Amorim

Adolfo Bioy Casares. A invenção de Morel. Trad. Samuel Titan Jr. São Paulo: CosacNaify, 2006. 136 p.

Nestes tempos de delírios visuais, imagens vertiginosas que supostamente dispensariam as palavras e se autoexplicariam sem maiores delongas (uia!), este livro – um cult da literatura internacional, de trama considerada perfeita por Jorge Luís Borges, amigo de Casares, seu parceiro e admirador – é um exemplo de que o uso das palavras é uma fonte de recursos que as imagens por si sós nunca vão suprir. Ainda por cima fala justamente de imagens, essas capazes de subverter a vida do protagonista, um fugitivo político da justiça que se esconde em uma ilha deserta.

Os enigmas de A invenção aguçam a atenção do leitor e o impelem a perseguir o fio da narrativa, que em alguns trechos parece perdido entre as folhas secas do chão da ilha. O caráter teleológico que alguns emprestam ao texto de Casares pode ser discutido. Dificilmente uma literatura tão perfeita e enxuta poderia visar outra finalidade que não ela própria. Mas para o leitor atento fica bem claro que estão em jogo fatores imanentes ao ser humano, como a percepção nem sempre confiável e a imaginação que se alia ao desejo para lhe pregar peças – às vezes de mau gosto.

Em jogo também está a questão da sobrevida ou da própria eternidade. Mas não se trata aqui de uma eternidade metafísica, e sim da projeção de uma idéia que tem fascinado o homem através dos tempos: a idéia que teria impulsionado o personagem Morel em sua invenção maravilhosa e terrível. A fábula explora um ângulo fenomenológico da experiência da imortalidade, que quase sempre tem sido abordada com visada mística ou filosófica. Os personagens em cena se opõem à realidade que estariam manifestando pelo simples fato de não serem senão espectros de si mesmos. Mais do que simplesmente descrever os fenômenos (o que Casares faz com perfeição e apelo para o leitor), o livro capta o que se poderia chamar a insustentável leveza da ilusão, parafraseando Kundera, e todo o sofrimento humano que ela implica.

Um belo prólogo de Borges e um posfácio competente de Otto Maria Carpeaux dão o toque especial a esse primeiro volume da coleção Prosa do Observatório, coordenada pelo escritor e teórico de literatura Davi Arrigucci Jr. Vem muita coisa imperdível por aí, vamos esperar.

domingo, 25 de setembro de 2011

SENHORA DO TEMPO. VIAJANDO...

Hoje as senhoras do tempo são minha mãe e minha irmã Zila, a que conta e a que anota, respectivamente, e elas falam de nossos passeios, de nossas viagens. Este relato e muitos outros são fruto de conversas sem fim que Zila teve com parentes e amigos e que resultaram no livro PROSA NA VARANDA, de 1991. As duas já partiram deste mundo, mas aqui estão.
[Vera Guimarães].



“Mamãe relembra nossas andanças que já foram muitas vezes faladas aqui. Mesmo com a meninada pequena, tanto na roça como morando aqui, ela e Papai não perdiam as missas e festas por lá, os velórios, as obrigações sociais todas, não deixando nenhuma amizade esfriar nem morrer. O mesmo aconteceu em Sete Lagoas, onde fizeram muitos amigos e compadres e não era difícil saírem da cidade, a pé, para visitar esses amigos todos, no Gersão, no Sapé, Gineta, Boqueirão e em tantos outros lugares. Papai trabalhou no Bosque, perto da Sede, e “cortava” isso tudo a pé mesmo.

Antes de Conceição de tio Lulu casar, Mamãe deu vontade de rever os irmãos, os sobrinhos e os amigos, amanheceu lá no Guará e puseram o pé na estrada, as duas. Rodearam e foram chegar no Olhos d´Água, após ter o sol ainda queimando e Afonso teve pena delas, ele que era o rei da boa vontade, ficou à  disposição para levá-las de carro até o ponto de partida. Isso foi repetido centenas de vezes, do ponto até no tio Lico, até no tio Osório, até no tio Rege, até no tio Pedro Celes, até no tio Lulu Campelo.”  Zila Guimarães Lanza

Aqui entra Mamãe:

“Ô, pobreza feliz, viu? A gente não tinha carro, não, mas passeava muito, sem preguiça de nada. Quando tinha as festas, a gente enchia um caminhão, bem velho, que era o de preço mais barato, e lá ia aquele povão cantando pela estrada poeirenta ou barrenta de Jequitibá a Pirapama, essa que hoje é asfaltada. Mas ela era, em muitos trechos, em outro lugar (até Jequitibá), cheia de curvas, estreita, com pontes em cima do ribeirão e sempre, na chuva, com ele transbordando. Falo assim pensando na ponte velha, aquela do rio das Velhas que, no fim, balançava e era buraco só. A gente descia do caminhão velho, fazia “nome do Padre, do Filho e do Espírito Santo, amém” e passava, pisa aqui, pisa ali, os meninos chorando de medo, Diva empacada, que não ia nunca mais, chorando. Mas era só chegar outra data festiva, ó nós pegando o “trem” de novo”! Medo, fazia era medo mesmo! E,quando a viagem era pra diante do Lulu Campelo, que era o mais perto pra nossa “turnê”, melhor. Tinha o último dos irmãos, o Osório, mais perto de Pirapama, e aí era mais um tanto de estada cheia de curva, pontes fracas nos córregos que até “rodaram” um ônibus cheio de gente, o da Onça, cheio, e muitos perigos que enfrentamos, mas, graças a Deus e à “Nossa Santa Ignorância”, fomos, aos trancos e barrancos, arriscamos até nossas vidas, mas estamos aí. Agora que a gente vê que foi muita loucura, mas Deus segurou cada um de nós. Ele via que era o jeito da gente ir e não podia decepcionar tanta gente, inclusive nossa meninada, os que moravam conosco e os que já tinham mudado para cá. Não sei como a comunicação chegava para todos, a combinação era feita e na hora de sair era um tal de parar e entrar  passageiros, como se fosse um caminhão de “miçanga”. (O clima era bem esse da foto do www.fotoscanastras.blogger.com.br).



Aí o tempo foi passando, uns já ganhando seu dinheiro, melhorando de vida e nós ficando até chiques... Já podíamos fretar um ônibus! Lotar era fácil, era todo mundo querendo ir e a gente ia mesmo. Foram comprando carros, uns levando quem não tinha condução, mas eu tem até pouco tempo que parei de andar de ônibus, descer nos pontos e chegar, longe, a pé onde era o destino. Cira comprou carro, dirige, Verinha, Geraldo, Alexandre, Artur, Paulo Henrique, todos, me põem no carro deles e vamos lá. Isso é nas fazendas, na do Paulito (já fui muito, a pé, do ponto até lá, ou direto, de caminhão), em outras, do nosso pessoal, até Nova Almeida, e ao redor desta cidade, que é meu pião. Já tenho uma sacola pronta e “não mudo a roupa”, de chegar por uma porta e sair por outra, nem! De avião, já andei que chega, já fui longe e acho que não falta nada para eu experimentar nessa vida. Umas dúzias, mais ou menos, de netos meus, de sobrinhos, os genros Tarcísio e Artur, já moraram, passearam, estudaram ou trabalharam em muitos países da Europa, e outros lá longe, que só sei ser no “estrangeiro”, como a gente usava falar. Nem era assim, era “na estranja” que os meninos falavam. Nossa família vai de avião, de navio, de trem, de ônibus, de caminhão de gado (a Zila, caroneira, que o diga), de carro velho, na carroceria de caminhão, de caminhonete, de jipe, de Rural, de cavalo, de carroça, de carro de boi, de “a pé”, mas o importante é ir, é chegar como todas as vezes, graças a Deus, nós chegamos até hoje. Gente, temos que rezar muitos terços, agradecer muito a Deus por tudo que fizemos, tudo que vivemos, que sofremos e, mais, que Ele nos deu de alegrias e felicidades. Nossa família, que agora vocês, mais novos, conhecem um pouco mais, é e sempre foi uma família feliz e honrada e tiveram, muitos, e ainda têm a sorte de uma vida longa, de poder colher os frutos do que plantaram. E valeu a pena lutar. Vocês, que estão aí com os mais velhos, amparando os passos que vão diminuindo cada vez mais, sabem que a vida é um dom de Deus e sabem valorizar cada passo que dão nos seus caminhos. Sou tão feliz por isso e por tudo. Geraldo, Lenir, Débora e Juarez vão voar amanhã para um passeio longe. Vão conhecer vários países que um punhado dos meus já conhece. Peçamos a Deus que eles sejam felizes como vocês (e os que estão lá) foram e são pela oportunidade de conhecer outro “mundo”. Vão com Deus! “ (Dona Didi, minha mãe).

Conservo de Mamãe esse gosto por sair passeando, encontrando amigos e parentes, vendo pessoas desconhecidas, novas paisagens. E da Zila, o prazer de contar. É por isso que de vez em quando registro o que vi e senti em viagens por “Oropa, França e Bahia”! Ou por “terras, Datas e Gouveia”! Enfim, por aqui e “na estranja”!

sábado, 24 de setembro de 2011

FREDZILA - OKAYAMA

Carlos Frederico Abreu

Em Okayama visitei o Jardim Korakuen, um dos três mais belos do Japão. Sua construção foi ordenada pelo Senhor de Okayama, o Daimyo (General) Ikeda Tsunamasa, em 1700, mas somente foi aberto ao público em 1884, quando passou a ser propriedade da Prefeitura local.





 Este belíssimo jardim levou aproximadamente 40 anos para ser concluído e foi elaborado no estilo kaiyu, para proporcionar ao proprietário, uma vista panorâmica pontuada por diversos elementos paisagísticos e arquitetônicos, simulando uma micro visão de seu reino. É possível ver nos seus 130 mil metros quadrados, lagos, riachos, pontes, uma pequena montanha, uma casa de chá, um teatro, plantações de arroz, estábulos e pequenos vales.




O jardim foi bastante danificado em virtude dos bombardeios sofridos durante a Segunda Guerra Mundial, e somente pode ser restaurado em seu aspecto original, graças a pinturas e diagramas do período Edo.




 Também é possível ver no jardim, uma criação de tsurus (grous), com um macho e duas fêmeas.


sexta-feira, 23 de setembro de 2011

BELLE AND SEBASTIAN E CAKE: ALTERNATIVOS DE QUALIDADE

Por Ana Laura Diniz

Quando o assunto é música experimental, indie e rock progressivo, muitas pessoas torcem o rosto. Isso acontece porque várias bandas – no intuito de fazer um som diferente – acabam se perdendo na falta de costura melódica, harmônica, tornando chato o que poderia ser legal.

Mas eis que a generalização é sempre fonte de injustiça, e entre experimentações, alguns grupos emplacam. A bem entender, falo de Belle and Sebastian e Cake.

A primeira, banda de indie pop escocesa, formada em janeiro de 1996. Seguiu por anos a mesma linha do famoso The Smiths até sofrer influências do soul e do funk nórdicos. Cheio de singles, seus discos sempre chegaram ao Brasil com o peso dos preços dos importados. A banda logo se tornou “cult”, e talvez por isso, nunca tenha chegado a ganhar maiores projeções no Brasil.


Quem fez um tanto mais de barulho chegando às discotecas e às paradas de sucesso das capitais brasileiras foi Cake. Formada em 1991, a banda – frequentemente rotulada como sendo de rock alternativo ou progressivo – surgiu na Califórnia. Mas na verdade, ela é muito mais do que isso, e mesmo tendo a sua parcela “cult”, não se limitou.

Mais elaborado, seu estilo tem um toque, principalmente suas releituras musicais, de vanguarda européia; deixando claro, por vezes, grande influência da música francesa. E não para por aí. Há uma mistura envolvente de jazz, pop, funk, rap, country, ska. Daí, o Cake, ou melhor traduzindo num trocadilho infame, o bolo que dá forma à sua massa musical.


E a banda cresce sem fermento, mesmo com a saída e a entrada de seus integrantes. Com letras cheias de ironia e de humor, as prediletas são ainda as que marcam o início da banda: “Never There”, “Frank Sinatra” e as divertidas e clássicas releituras de “Perhaps, Perhaps, Perhaps”, de Osvaldo Farres, e “I Will Survive”, de Gloria Gaynor.

Frank Sinatra

I will survive

Perhaps, perhaps, perhaps

Never There

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

CORRESPONDÊNCIA URBANA. PALAVRA DE ORDEM: SUPERAÇÃO.

ANA LAURA DINIZ CONVERSA COM BIANCA SABINA OLMEDO MONTEIRO FERREIRA


Bianca por ela mesma: “Blogueira, indecisa, tímida, crítica, aspirante a fotógrafa, etc, etc.” Nascida em Varginha (MG), a estudante de 15 anos é a mais nova colaboradora do Primeira Fonte. O tema que desenvolverá? Adolescência. Nada mais propício do que uma conversa sobre o tema.


Bianquinha de Ouro,

Tudo bem?
As pessoas são sempre complexas, mas na adolescência determinadas situações parecem tomar proporções gigantescas. Ao menos, quase vinte anos depois, é do que me lembro.
Recordo-me de uma vez a minha irmã mais velha, Ana Beatriz, já com seus 22 anos ter dito: “Fica tranquila, daqui a pouco você sentirá a vida mais segura; muita coisa se transforma quando se chega aos 20.” Eu acreditei, mas ao menos para mim, tive que esperar mais tempo: chegar aos 30 é que foi revolucionário – experimentei então a inigualável segurança e desejo de liberdade.
A maturidade, imagino, ajuda e muito nesse processo.
Mas eis que você tem 15 anos, e quero saber qual a sua impressão da adolescência. A sua forma de ser e viver vai de encontro com o estilo de vida dos seus amigos? Você se sente sozinha de vez em quando? Se sim, o que faz nessas horas?
Se pudesse ter total domínio da sua vida, o que desejaria?
O que mais a irrita e agrada?
Qual a relevância da sua família para a sua formação como pessoa? Você tem diálogo aberto em casa?
E o amor, o que é? Você tem vergonha de assumir quando ama? Você fala "eu te amo"? Se sim, em que circunstâncias e para quem?
Como você espera estar daqui a cinco, dez anos? Em que lugar?
Amigos são importantes? Quais as características que uma pessoa deve ter para ser considerada para toda vida?
Você sente que os seus amigos a compreendem ou tem a sensação de sempre estar à margem das situações, de "falar grego"?
Quais assuntos você geralmente conversa com os amigos e quais sente que é proibida de abrir a boca?
O que é diversão? O que gosta de fazer, incluindo os momentos de folga?
Ficção ou realidade, o que prefere?
Se fosse possível fazer um raio-x dos pensamentos humanos, o que seria revelado de você hoje?
Se fosse possível, você gostaria de ter um raio-x desses para usar em que circunstâncias?
Como é a Bianca por ela mesma?
A sua palavra de ordem, pelo que percebo, é "superação". De onde veio essa crença?
São tantos questionamentos, que é claro, fique à vontade para responder o que e na ordem desejar. Adolescência estimula o raciocínio... eis a era da efervescência!

Beijos,
Ana Laura

**
Oi, Ana,

Considero a adolescência uma fase complexa no geral, sim, porque é cheia de mudanças e descobertas, que nos faz achar que já sabemos tudo e que nos decepciona ao percebermos a cada momento que não é assim. Há muito a ser vivido ainda. E imagino que nem façamos ideia de como seja o futuro, só falamos aquilo que observamos nos adultos. 

O modo de encarar a vida depende da situação. A vida é cheia de altos e baixos, então, a visão muda de acordo com o humor e a disposição de ver e enxergar (como você diz, Ana), na hora. Principalmente agora, que estou na fase de mudar constantemente… Considerando a grande parte que valeu a pena, posso dizer que até agora foi bom.

Talvez seja errado criar expectativas, mas, na verdade, espero que com o tempo fique ainda melhor. Porque meu modo de ver as coisas foi o que mais mudou, e quanto mais me sinto sensata (e entendo que no fundo, posso até não ser grande conhecedora mas sou uma grande apreciadora, de fato), percebo que toda a minha visão de mundo se tornou mais esperançosa, ampla, um pouco menos pessimista, mas sem idealizar demais fugindo da realidade, claro. E assim, a vida parece mais fácil. Não foi conformismo, não. É só uma percepção melhor mesmo. Acho que a maturidade é isso.

Apesar de um dos meus maiores bordões ser “ô vida tirana!”, tenho tentado enxergar a vida como algo positivo, já que o tempo é curto e devemos desfrutar de cada segundo, sem deixar que as oportunidades passem (todos dizemos isso, mas na prática, não é possível sempre. Mesmo assim, vivemos tentando).

Passo a maior parte do meu tempo na frente do computador escrevendo, se não estou na escola. Parece um pouco contraditório em relação ao que disse antes, mas, sinceramente, é uma escolha. Aqui expresso as opiniões que pessoalmente ninguém costuma perguntar. As deixo acessíveis pra quem se interessar em ver. E acho que é exatamente essa a diferença do meu conceito de diversão pro dos meus amigos, ou outras pessoas da minha idade. Todos querem festas, bebedeiras, dançar e beijar todos o que estão disponíveis. Particularmente não gosto de festas, e as evito, mas quando meus amigos fazem alguma, vou, danço mesmo sem saber, e tento fazer valer a pena (mas apenas por estar com eles, já que nunca vou me sentir completamente confortável pelo tipo de música que costuma tocar). Não sou muito desses agitos. Aprecio mais a calma, às vezes o silêncio, a solidão da leitura, e quando com as pessoas, gosto de compartilhar ideias, conversar, conhecê-las como são.

Amo a fotografia, acho o melhor jeito existente de explorar o mundo que está fora do meu quarto e guardá-lo comigo. Guardar as pessoas, e os momentos também. Me divirto assim, com minhas pequenas coisas.

Me sinto sozinha de vez em quando, mas, até gosto disso num certo ponto. Gosto de me sentir independente pra poder fazer minhas próprias escolhas e atividades, sem depender da vontade alheia… Mas, claro, chega uma hora que cansa. Ter gente por perto é uma necessidade, ninguém é feliz sozinho. Nesse caso, entro no twitter, e lá vejo meus amigos reclamando por perder tempo nesse site (é incrível como sempre estão dizendo isso, sempre mesmo) e aceito seus convites para dar uma volta (já que não há muito o que fazer na cidade de Caxambu (MG), além das voltinhas intermináveis no quarteirão praça/calçadão). Vemos todos os outros fazendo o mesmo (ainda que no sentido contrário), colocamos o papo em dia, e isso é o suficiente.

Se eu pudesse ter total domínio da minha vida, gostaria de viajar o mundo, conhecer tudo. Na verdade, adoraria poder me teletransportar, já que nunca gostei de viajar por passar tempo demais dentro do carro, e isso me manter muito imersa em pensamentos.

Há coisas que não gosto de pensar, mas com um tempo longo demais, penso em tudo e no fim se torna inevitável deixá-las de lado. Enfim, minha vontade maior é essa. Conhecer o máximo que puder.

E se tem coisa que me irrita? Ah, a futilidade alheia!!! A falta de perspectiva, o desinteresse pelas coisas, e aquele comportamento de fazer tempestade em copo d’água das pessoas que não enxergam a pequenice dos seus problemas perto dos das outras. Insistir em assuntos que evito, músicas de artistas que não gosto, sensacionalismo… Na verdade, é muita coisa pra listar. Assim como as coisas que me agradam, também. Música, livros, risadas, demonstrações de afeto…

A relevância da minha família para a minha formação como pessoa é bem grande. Agradeço muito por ter nascido nesta família, num meio de pessoas cultas, com muito a acrescentar. Se estivesse em qualquer outra, provavelmente não seria metade da pessoa que sou, com os interesses e princípios que tenho. Mas, como nem tudo é vantagem… Não é exatamente algo bom, pois, como fui criada por avós, fui bastante mimada a vida toda, tive sempre tudo o que quis… E acho que hoje isso me prejudica em muitos sentidos, já que não sei lidar com desapontamentos, e eles de alguma forma são frequentes. Apesar de tudo, tenho muitas opiniões divergentes a eles, mas, acho que isso é parte da personalidade que adquirimos sozinhos.

Temos diálogo bastante aberto, eles sabem de absolutamente tudo o que acontece na escola e com meus amigos, e estão sempre rindo comigo a respeito.

Amor pra mim é uma mistura de respeito, confiança, admiração, companheirismo, carinho, e um pouco de afinidade. E claro, sensação de conforto perto da pessoa.

Não tenho vergonha de admitir quando amo, mesmo sendo tímida. Só quando realmente o sinto, e também, acabo demorando um certo tempo até achar adequado dizer, mas, sempre digo pras pessoas, pras coisas, acho que faz tão bem! Basicamente, digo pro que me agrada, pros meus amigos, quando pessoas se tornam especiais…

Como qualquer pessoa da minha idade, espero estar bem no futuro. Formada na faculdade, cursando outra (tenho uma porção de interesses completamente diferentes, então se possível, tentarei fazer mais de uma), morando num lugar só meu, cheia de amigos (como hoje), trabalhando com o que eu gosto (fotografia/arte), com meu carro (morro de medo e não pretendo aprender a dirigir, mas, acho que até lá mudo de ideia)… Tenho o sonho de morar fora do país, mas, como acho que realmente não vai ter jeito, quero morar no sul, a “Europa brasileira”. Se conseguir passar em Porto Alegre, perfeito, mas se não… Continuarei tentando!

Amigos são muito, MUITO importantes! Eu acho que a confiança e a compreensão são características essenciais. Sem isso, não há como existir afinidade ou carinho, entre outros derivados…

E depende muito do assunto, mas, na maior parte deles, realmente sinto que “falo grego”. Meus amigos e eu temos interesses, opiniões e gostos muito diferentes, e por um lado, acho que isso atrapalha em alguns momentos… Nunca vemos nada com o mesmo ponto de vista, ou tivemos as mesmas experiências para opinar. E é nessa parte que entra a compreensão. Com o tempo aprendemos a aceitar a personalidade uns dos outros, e isso torna as coisas mais fáceis, já que as discussões desaparecem.

Normalmente nos juntamos pra falar de nós mesmos, trocar experiências, contar novidades, e inevitavelmente, falamos dos outros também. Dos conhecidos, da galera da escola… Aí lembramos de coisas que já passaram, e rimos muito. Mas fora isso é pouca coisa, já que os gostos são diferentes. Um pouco de música, internet, seriados, filmes… Nada muito além. Evitamos assuntos mais complexos (porque sou do tipo que questiona e discorda de tudo), como religião, questões políticas e sociais, perspectivas e objetivos, entre outros que variam pra cada pessoa.

A gente sabe sobre “o que não falar” na presença de cada um, tentamos não ser aquele tipo de amigo inconveniente, porque provocações desnecessárias nem sempre acabam bem.

As amizades na adolescência parecem bem mais frágeis, e são volúveis. Qualquer coisa já é motivo pra brigar, pra sentir ciúme, achar que o amigo trocou por outro… É tudo muito complicado. A preguiça de resolver na hora é maior, então, o clima ruim prevalece por meses… Até que se resolva sozinho (ou não, depende).

Ficção ou realidade? – Na maior parte das vezes, prefiro a ficção. Não é que a realidade não me agrade, mas… Tento me desligar dela ao máximo possível. Sinto que me concentro mais com meus livros, filmes e seriados, ou quando escrevo meus textos aleatórios, do que quando tento pensar em coisas que realmente aconteceram. Minha imaginação é fértil, vivo sonhando acordada… Já me peguei sem certeza se algumas das minhas lembranças foram reais ou se eu só sonhei. E em certas situações que ficaram mal resolvidas na realidade, inventei desfechos mentalmente pra justificá-las pra mim mesma. Por mais estranho que seja, acho que às vezes é bom pensar em como gostaríamos que as coisas tivessem acontecido (mas com um olhar crítico, para não acabarmos enganando a nós mesmos, claro). Nos ajuda a aceitar melhor circunstâncias, com o tempo.

Acho que se fizessem um raio-x dos meus pensamentos não chegariam a conclusão alguma, assim como eu. Iam ver uma pessoa confusa por pensar demais (imaginei uma fumacinha saindo das engrenagens do meu cérebro, e aí passei a dispensar a hipótese de ser uma pessoa confusa, acho que vou adotar a de ser uma pessoa maluca mesmo [risos].). Talvez veriam que eu guardo demais, e lembro demais, na verdade, mal faço outra coisa. Questiono demais, e afirmo também. Crio expectativas, sonho, imagino…

Gostaria de ter um raio-x desses pra poder entender algumas atitudes alheias, e pra ver o ponto de vista das pessoas antes de julgá-las. E também pra ter que me explicar menos aos outros, esse diagnóstico ia facilitar muito.

A Bianca por ela mesma? Difícil dizer… Apenas diferente.

Minha palavra de ordem realmente é “superação”. Não me lembro direito de onde surgiu, faz muito tempo… Sou uma grande criadora de bordões. Então eu dizia algo do tipo “mas a gente releva” e acho que acabou se transformando em “a gente supera”. O pessoal gostou, e acho que depois de tanto falar, passei a acreditar nisso de fato. Eu não era de superar, na verdade, sempre ficava remoendo as coisas por muito tempo, vivendo de passado… Até que decidi mudar de vida, deixar pra trás tudo o que me fazia mal. E deu certo.

O primeiro passo é o mais difícil: querer que a mudança ocorra. Depois, é simples.

Hoje vivo na mudança constantemente, e o lance de “superar” funciona e muito. Mas claro, isso não me fez deixar de ser quem era: o lance da nostalgia sempre fez parte de mim. Porém, vi que todos, como eu, tinham problemas. A maioria, bem piores até, não havia motivo pra continuar assim tão triste, como sempre estava. Passei a aceitar que as coisas que me faziam chorar ontem, já me fazem rir hoje, e isso é um ciclo, acontecerá sempre.

Esse foi o aprendizado mais importante. Pouca coisa fica. E quando fica, pode saber… É pra valer! As melhores coisas ficam pra sempre guardadas em nossa memória e experiência, para serem levadas conosco rumo ao futuro, que para nós, sempre será incerto.