quarta-feira, 25 de abril de 2012

LANTERNA MÁGICA - FASSBENDER EM 2 FILMES

por Egídio La Pasta, Jr



O diretor e artista plástico Steve McQueen está em cartaz nos cinemas brasileiros com seu segundo filme, Shame. Resultado de uma pesquisa feita pelo diretor e também com viciados em sexo como parte da preparação para seu filme – cuja ideia havia sido apresentada a Michael Fassbender durante as filmagens de Hunger, seu longa de estreia.

Shame apresenta o cotidiano de Brendan Sullivan, um executivo bem sucedido, morador de Nova York, viciado em sexo que vê a sua rotina se alterar ao receber a visita da irmã no seu apartamento. A presença da moça revela ainda mais a personalidade de Brendan, que leva sua obsessão ao limite físico, moral e sexual cada vez que tenta estabelecer algum laço de afeto com a irmã. Quanto mais ele tenta se aproximar, mais parece se afundar nas relações sexuais. Ao tentar domar sua natureza, ele parece se complicar ainda mais e parte para uma busca sem retorno, insatisfatória, exaustiva.

Eu adoraria ouvir a opinião de um psicólogo sobre o filme e certamente há muito material para se discutir. Mas discussões à parte é preciso conferir o trabalho de Michael Fassbender, melhor ator em Veneza e responsável por legitimar o talento do diretor Steve McQueen e conferir uma encantadora e desconcertante Carey Mulligan, dona de uma das melhores cenas do ano, ao cantar New York, New York para o irmão.



Fassbender pode ser visto também em À Toda Prova, de Steven Soderbergh e Um Método Perigoso, de David Cronemberg, ambos em cartaz. 

Um Método Perigoso parte da peça "The Talking Cure", de Christopher Hampton - também corroteirista -, que focaliza o encontro entre o pai da psicanálise e um de seus mais criativos discípulos, antes que diferenças inconciliáveis os separassem.

A narrativa começa com Carl Jung (Michael Fassbender) atuando numa clínica psiquiátrica em Zurique e encarregando-se do caso de uma jovem paciente histérica, Sabina Spielrein (Keira Knightley). É um caso complicado e que requer enorme esforço do médico, descobrindo por trás do caso da moça evidências de uma história familiar complicada, que acarretou um comportamento autodestrutivo.

Viggo Mortensen encarna Freud, o pioneiro da psicanálise que, em Viena, influenciou diversos profissionais, inclusive Jung. O jovem médico suíço encontra-se com seu mentor, quarenta anos mais velho, e inicia-se uma ativa troca de correspondência e experiências.

Aos poucos, afirmam-se as diferenças entre os dois - não só de idade, classe social, religião (Freud era judeu, Jung, protestante) e personalidade. E, a partir de um certo momento, divergem especialmente em sua postura profissional diante de aspectos cruciais na determinação da psique humana - como a sexualidade.

É um belo filme, onde a protagonista absoluta é a palavra.


Vamos ao cinema?