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Esse assunto anda me perseguindo por todos os lados. Para onde me viro, dá-lhe responsabilidade social. Como cidadã e como Relações Públicas, sempre achei que as organizações deviam envolver-se e comprometer-se com a sociedade, procurando apoiá-las e auxiliá-las no seu desenvolvimento, da mesma forma como sempre achei que devem estar profundamente envolvidas com a salvaguarda do meio-ambiente e do ecossistema.
E, têm-se visto por aí muitas iniciativas louváveis, das mais diversas empresas. Paradoxalmente, observa-se, também, que várias dessas empresas que tanto “fazem o bem” para a sociedade em geral, muitas vezes esquecem de coisas básicas relativas ao seu próprio público interno, os funcionários. Fico com a impressão – para não dizer certeza – de que estão apenas querendo aparentar, mostrar para os outros como são bons e bonitos, quando, na verdade, por dentro, estão mais para ruins e feios.
Isso me faz lembrar um velho ditado do tempo da minha avó: - por fora flores e rendas, por dentro forofofó. Voltamos ao básico. O que importa é o conteúdo e não a aparência. Vale a intenção, a vontade de acertar, e não, necessariamente o sucesso, até porque todos sabemos que muitos erros e fracassos são o começo de um caminho de acertos.
Fica-se com aquela sensação terrivelmente desconfortável de que as empresas estão agindo como certas pessoas, mostrando uma cara para consumo externo, e outra para consumo interno. Sabem aquelas pessoas que achamos amáveis, educadas, simpáticas por anos a fio, e que depois descobrimos que em casa, com a família, são grosseiras, impacientes, desagradáveis e agressivas ao extremo?
Aprendi desde pequena que a gente tem que começar de dentro para fora, de casa para a rua. Às vezes o começo do processo pode se dar por algum evento externo, é verdade. Mas se não melhorarmos a nós mesmos, a maneira como nos relacionamos com as pessoas que nos são mais caras, os mais próximos, de nada adianta ficar sendo bonzinho para os outros. Mais dia, menos dia, a máscara vai cair.
Além do mais, qualquer pessoa sensata e com um mínimo de compreensão “das coisas da vida” (e para isso não é preciso formação universitária...) sabe que os funcionários de uma empresa são os principais responsáveis pela manutenção da vida de uma organização. É como o sangue em nossas veias. Se não temos sangue, não temos vida!
Então, não seria bem mais fácil, muito mais barato e eficaz se as organizações começassem a exercer a sua responsabilidade social dentro de casa? Ou seja, dando atenção à realidade dos seus funcionários, especialmente para aqueles que ganham salários mais baixos, têm menor formação escolar, moram em condições menos favorecidas?
É claro que não estou dizendo para não se preocupar com a comunidade, com a sociedade como um todo. Mas entendo isso como um segundo passo, quando os “de casa” já estão devidamente estruturados e vivendo, com suas famílias, em condições mais dignas de vida. Dessa forma, seria possível, inclusive, contar com os próprios funcionários como multiplicadores dessa consciência social e até como voluntários - de verdade, e não por imposição – em campanhas sociais.
A sabedoria popular sempre pregou que educação começa em casa, através dos exemplos. Isso vale tanto para a criação dos nossos filhos, em família, quanto para a sensibilização e conscientização dos funcionários, na empresa.
Por exemplo: - o que vocês faz em termos de responsabilidade social na sua casa? Em relação ao zelador, à faxineira, ao porteiro? Vamos começar por aí!