Da esquerda para direita: Vera Lucio Bittencourt, Terezinha Avellar Duarte e Esther Lucio Bittencourt |
No início deste mês, estive no Rio de Janeiro e, minha irmã Vera, deixou-me fazer foto das fotos que ela guardava. E aqui estamos nós, após a II Guerra Mundial, a vida mais calma, sentadas no ressalto do muro da casa de nossa avó materna, América. Claro que durante duas gerações moças da família receberam o nome do continente que nos acatara, em agradecimento.
Estamos nesta foto, Vera, a de cachos louros e a maior de todas, apesar de ser a mais nova, Terezinha, filha de meu padrinho Gerson e de sua mulher Zita, e eu, com dois laçarotes na cabeça baixa, os pés tímidos, um desejando esconder o outro, a mais velha, com um ano, dois anos de diferença das duas.
Vera hoje está no hospital, fazendo pequena intervenção; eu, em casa, aguardo notícias e Terezinha, a última vez que soube dela foi na missa de sétimo dia de meu padrinho e tio Gerson. Estávamos prontos para a missa quando entra um batalhão de choque da polícia fluminense com metralhadoras e o que mais de direito. Em seguida, ela vem escoltada. Foi a pessoa que condenou o traficante Fernandinho Beira Mar e estava ameaçada de morte por todos os lados. O antigo nome dela eu sei; Maria Tereza Duarte de Avellar.
Enquanto Vera brincava, e hoje nos goza por isto, - Vera mantém contato com ela - nós duas estudávamos como desvairadas. Um pouco por amor, outro tanto, por obrigação. Hoje baixei as fotos que vieram na minha câmera e olhei para esta com cuidado, amor, saudades, encantada com as nossas sandálias iguais, as minha e as de Vera, e nossos vestidos, iguais, de bolero bordado, me parecem.
Devíamos ter que idade? Nem lembro, pois não fotografei as costas da fotografia onde papai anotava a data de cada uma delas, minuciosamente.
Minha mãe deu à luz, ao todo, a sete filhos. Zita, teve mais um; Vitor Cesar de Avellar Duarte, que é professor e pesquisador na área de matemática na UFF.
O tempo passou, e acabei de ter notícias de Vera. Ela está bem e a filha, Cristina, aguarda que o médico passe no quarto para lhe informar sobre o procedimento. O anestesista já esteve lá.
Martha, que não está nesta foto, pois não havia nascido ainda, e que operou a coluna no início deste mês, estava pela manhã sentada num banco de madeira verde, no Campo de São Bento, em Niterói, acompanhada dos netos e da filha Aline, tomando sol, e torcendo por Vera. Dentro de um mês estará em Portugal, onde ficará até o fim do ano, com a filha que mora lá, a Bia, e conhecer o novo neto.
Devíamos ter, nesta foto, eu 4 anos, Vera 3 e Terezinha 2,5. Por aí.
O tempo passou...