Por Dorothy Coutinho
Mulher Maravilha (imagem Google)
No momento em que tanto se fala da natureza, mais distantes estamos dela. Ser natural passou a não ser natural.
Estamos mais civilizados, mas menos naturais. São mil artifícios ao nosso alcance para sermos mais altos, mais magros, mais lisos e mais firmes. Ou, mais morenas, mais atléticas e até mais potentes. As cabeças podem se utilizar de artimanhas para exercer o poder do pensamento. É meditação de todos os tipos, cura pela mente, pensar positivo, casamentos, relacionamentos criativos, sexo fogoso implícito e explícito, o diabo.
Em todos esses tipos de relacionamentos e amores infiltra-se de um lado a conceituação e do outro lado a fuga do bom senso e do instinto saudável.
Que bom seria se o outro percebesse quando você está com medo ou, quando você simplesmente precisa ficar em silêncio.
Que bom seria se o outro diante a sua solicitude excessiva soubesse dizer “você está enchendo o meu saco”, com delicadeza ou bom humor.
Que bom seria se o outro percebesse a sua fragilidade sem rir de você ou se aproveitar disso.
Que bom seria se o outro diante alguma bobagem cometida continuasse gostando de você.
Que bom seria se o outro notasse o seu cansaço, sem pensar logo que você está nervosa, doente ou agressiva.
Que bom seria se o outro pudesse avaliar a sua dor diante uma perda.
Que bom seria se o outro ousasse ficar com você um pouco mais, em lugar de voltar correndo à sua vidinha, contando que por lá estará a salvo do medo e da culpa.
Que bom seria se o outro, ao vê-la chorar sem motivo aparente, depois de um dia daqueles, pudesse desconfiar da TPM.
Que bom seria se o outro diante o seu entusiasmo por alguma coisa não a considerasse uma tola ou ingênua, fechando essa porta que se abriu só para você.
Que bom seria se o outro depois de uma palavra inadequada dita por você diante de outras pessoas, não a ridicularizasse.
Que bom seria se o outro não visse você sempre disponível ou compreensiva, e a aceitasse mesmo quando você não puder ser nada disso.
Finalmente, que bom seria se o outro, naturalmente, entendesse que mesmo se esforçando você não é, nem deve ser a mulher-maravilha, mas apenas uma pessoa vulnerável e forte ao mesmo tempo, incapaz e gloriosa, assustada e audaciosa, chamada Mulher.