Telinha Cavalcanti
É difícil escrever um texto sobre a cantora Amy Winehouse sem cair em clichês. Parece que todo mundo já disse tudo sobre ela, então vou começar do começo.
Amy Winehouse só tinha 27 anos e dois discos lançados quando foi encontrada morta em sua casa, em Londres. Seus últimos anos de vida foram cercados pelos papparazzi: os tablóides londrinos se refestelavam em seus porres, em sua crescente fragilidade física e mental. A maldade humana tem muitas formas, e o prazer em ver uma jovem talentosa se transformando em farrapo é uma delas.
Repito: é muito difícil escrever um texto sobre Amy Winehouse sem cair em clichês. Sua própria trajetória musical tem precedentes: branca com voz e repertório de negra, Amy se junta a Janis Joplin e a Elvis Presley na categoria grande talento que morre cedo por conta de drogas.
Com apenas dois discos lançados, esta comparação não é pouca.
Amy Winehouse tinha um visual marcante, uma voz poderosa e compôs músicas onde o soul, o rythm & blues e o jazz se encontraram com o século 21, em apenas dois discos - Frank, de 2003 e Back to Black, de 2006, criou tal impacto que influenciou a cena musical britânica e mundial, trazendo o soul de volta às paradas - e isso tudo numa época em que cantores e cantoras são fabricados pelas gravadoras com base em tabelas de mercado consumidor.
Infelizmente, a ascensão, o apogeu e a queda da cantora foram rápidos demais. O casamento com Blake Fielder-Civil, fonte de inspiração, problemas com a polícia e brigas, acabou logo. As internações em clínicas de reabilitação se sucederam - e, durante um período na Jamaica, surgiram boatos que ela já estava compondo o material de seu terceiro disco. O último show de Amy Winehouse, na Sérvia, foi marcado por sua incapacidade de permanecer no palco e muitas vaias do público, o que causou o cancelamento da sua turnê européia.
Sua gravadora não se pronunciou sobre o material inédito deixado, embora já tenha sido divulgado que uma de suas últimas gravações foi um dueto com Tony Bennet que será lançado no álbum Duets II do cantor.
Seu pai, Mitch Winehouse, anunciou, durante o funeral da cantora, os planos para criar a Fundação Amy Winehouse, em benefício de pessoas que lutam contra as drogas, apoio a crianças e também a animais.