quarta-feira, 5 de outubro de 2011

DIÁRIO DE UMA ADOLESCENTE. AMIZADES À DISTÂNCIA E DECLARAÇÕES INESPERADAS


Por Bianca Monteiro

Este fim de semana me rendeu muitas histórias, emoções e surpresas. Conversando com meus amigos, arrumei inúmeras notícias (boas e ruins).

Não é magnífico quando você finalmente consegue deixar de escrever sobre determinado assunto e mudar o foco da sua narrativa? Em suma, foi o que houve, e duplamente. Foram dias tão diferentes do meu cotidiano, que me senti vivendo minha vida como se fosse outra pessoa. E daí surgiu meu assunto pra coluna dessa semana.
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A pior notícia foi saber que minha melhor amiga vai se mudar, e ainda esse mês. Já é a terceira vez que passo por isso, e mesmo assim, permanece com o mesmo efeito da primeira. A saudade gera um vazio muito grande, e que demora pra passar. No fundo, penso que este não passa, apenas há um momento que deixamos de percebê-lo por outros tipos de ausência que parecem momentaneamente piores.

É bastante complicado lidar com essa situação. Entramos na adolescência já com essa ideia fixa de que um dia todos nós vamos nos separar, e às vezes esta parece um alívio, porém, quando antecipada, percebemos que não estamos prontos. E talvez nem ficaremos. Afirmações como "ah, não vou ver esse povo nunca mais mesmo" ou "daqui a pouco sumo daqui e não volto mais" são frequentes, mas, nesses casos, parece que a amizade é deixada de lado. Nunca é agradável se desapegar de alguém que realmente gostamos, que confiamos, e que viveu muitos bons momentos conosco.

Meu grupo e eu estamos tentando evitar essa situação, por isso, vamos arriscar tudo indo falar com os pais da garota, para não prejudicá-la em pleno fim de ano, pois talvez isso comprometa sua vida escolar, e também seja difícil a adaptação pra ela num ambiente novo, com pessoas desconhecidas (e por trás disso, é óbvio: queremos apenas a garantia de passar mais alguns dias com ela). Infelizmente, isso resolveria só por um tempo... E neste, tentaremos apenas assimilar o que está por vir. Não só a respeito dela, como muito em breve, de todos nós. Como escrevi no meu discurso de formatura (já que tive a honra de ser escolhida oradora): "É da natureza humana. Com o passar dos anos, as pessoas vão se distanciando umas das outras, para se aproximarem de outras consequentemente. Alguns de nós se mudarão e tomarão outros caminhos. Por mais que os dias sejam perfeitos, eles devem acabar."

É claro, será bem difícil chegar na sala de aula e ver a carteira logo à minha frente vazia, sem meu ombro amigo, as risadas, e a concentração de todos os acontecimentos da minha vida contados apenas àquela pessoa. E não serei a única a me sentir dessa forma. Porém, teremos que adentrar novamente o conceito de "superação". O jeito é tentar manter contato o máximo que pudermos, pois felizmente, a existência da internet torna tudo muito fácil. E também, nos visitarmos sempre! Vai ser bom relembrar tudo... Ah! Só de contar já me deixou com saudade antes da hora. Odeio intensamente qualquer tipo de despedida. É muito difícil imaginar que seria primeiro contigo... E vai ser mais ainda aqui sem você. (Laís, te amo amiga!)
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Se um dia foi passado inteiro com todos chorando a respeito dessa história, o outro fez valer a pena qualquer outra lágrima que porventura deixei cair nos últimos meses. Redescobri um sentimento que pensei já inexistir dentro de mim: aquele friozinho na barriga que dá quando ficamos ao lado de alguém que a gente gosta. E essa foi a notícia boa.

É inútil tentar reprimir qualquer sentimento dentro de nós. Inevitavelmente, ele transparece. Mesmo que sem querer, contra nossa vontade. Logo, só o vemos ali, refletindo nos olhos da outra pessoa, e ficamos sem saber o que fazer. Não adianta dar uma resposta qualquer quando a que você realmente quer dar está evidente em outros sinais. E por isso não sou tão convincente no ato de disfarçar: sorrio excessivamente, evito minha máscara de durona e mostro apenas meu interior, que é meigo, e, o mais óbvio, tremo ao abraçar, pois me exalto ao pensar na hipótese. É claro que uma hora a pessoa está mais que percebendo, e é necessário confirmar. Pra evitar futuros constrangimentos, sou do tipo que gosta de falar de uma vez, sem rodeios. Isso porque, particularmente, não sou das mais chegadas em surpresas, por ter grande curiosidade (e ansiedade, o que torna ainda pior). Mas... é bom ser surpreendida de vez em quando. Já que me sinto dessa forma e espero ser tratada de acordo, trato os outros exatamente assim também.

Não hesitei em surpreender, por mais previsível que os sentimentos sejam depois de mantidos em silêncio por um tempo. Antes que pensem que foi fácil, na verdade, devem considerar o fato de que sou bastante tímida, e isso interfere em qualquer tipo de exposição ou demonstração de algo meu. A timidez é mesmo vilã em assuntos amorosos, e acho que na minha idade isso se agrava. Só foi possível depois de várias tentativas, da insistência da minha coragem... E quando percebi, já tinha dito. Foi tão rápido que mal pude assimilar. Até agora fico lembrando e pensando se foi real de fato, já que tudo depende da reação da outra pessoa (que duvido ser tão inesperada quanto a declaração, visto que as pessoas que a fazem precisam ter certa segurança, imagino), e no meu caso, a reação foi realmente diferente da que eu esperava. Esperei um "não" direto, ou, o tão temido "não viaja, somos amigos". Mesmo sem ouvir o "sim", fiquei muito feliz e tão satisfeita quanto. Um "talvez", não do tipo desdenhoso, mas sim de reflexão mesmo, pode ser muito mais do que precisamos ouvir. Às vezes até o "não" parece bom, quando você no fundo percebe que há outro coração disparado além do seu. As palavras pouco importam quando o que compõe a reação são os gestos, e como mencionei, os sinais. As pequenas coisas. É no que devemos reparar antes de aceitar qualquer resposta.

Engraçado quando tudo começa a dar certo, não acham? Espero que pelo menos continue assim.