sábado, 8 de outubro de 2011

FREDZILA - OKYAKU-SAN, HONORÁVEL CLIENTE

Carlos Frederico Abreu

Duas experiências que me fizeram ver a importância extrema que é dada, no Japão, à relacão entre vendedor e cliente.

Precisávamos comprar uma refeição para ser feita no ônibus, pois seguiríamos sem perder tempo para outra cidade e paramos num kombini de estrada, acho que um 7-eleven.

Depois de invadirmos o lugar como gafanhotos famintos e termos esvaziados as prateleiras, voltamos com nossas sacolas abarrotadas para o ônibus, que esperava com motor ligado.

Só ao me sentar percebi, pela janela, que TODOS os funcionários do mercado estavam do lado de fora da loja, na calçada, acenando e se curvando e agradecendo por termos escolhido fazer as compras ali.

E ficaram para trás acenando, depois que o ônibus já ia longe.

Fiquei sensibilizado com a cena.

Outra foi ao longo da viagem, ao perceber que havia um ritual que nunca me foi explicado e que nunca vi dissecado em nenhum site sobre costumes japoneses que li.

Um ritual sobre como se deve pagar pela mercadoria. Praticamente a coisa se dá da seguinte forma:
Você leva ao caixa o produto que deseja comprar.
O atendente na caixa agradece e registra o produto e fala alto o valor a ser pago (imposto incluso).
Você então deposita o valor em uma bandejinha, normalmente de plástico ou laca que fica ao lado do caixa, sobre o balcão.

Note que você não entrega o dinheiro, mas coloca na bandeja.
E se, por exemplo, está faltando dinheiro, o atendente aguarda.
Ele só vai pegar o dinheiro da bandeja quando você der por entender que todo o valor se encontra nela.

Depois disso, o atendente fala em voz alta o valor que você entregou e faz o registro.
Em seguida, se houver troco, ele repete em voz alta o valor do troco e o deposita na mesma bandeja.

Só ao terminar de por todo o troco, você deve pegá-lo.

Também percebi que este ritual não se dá sempre da mesma maneira, pois no começo eu não havia me tocado da bandeja e entregava o dinheiro diretamente.

Existe uma imeeeeeensa diferença - que, para nós ocidentais, como sempre, passa desapercebida - em como você entrega ou pega o que quer que seja.

Isso depois ficou visível na expressão do atendente.

Usar as duas mãos é o esperado, nunca uma só.

E ao devolver o troco, o atendente devolvia primeiro as notas (com as duas mãos) e depois as moedas; sendo que primeiro ele colocava uma das mãos por baixo da sua, para garantir que a moeda quando solta, não vai cair, e gentilmente então, ele com a outra mão, solta as moedas, quase que carinhosamente.

Uau.