quarta-feira, 19 de outubro de 2011

DIÁRIO DE UMA ADOLESCENTE. RELAÇÃO COMIGO MESMA

Por Bianca Monteiro

Particularmente, é irônico ser este o assunto justo nestes dias em que não estive me sentindo bem o suficiente para me usar como exemplo de qualquer situação. Todos têm seus dias bons e ruins, isso é indiscutível. E comigo não podia ser diferente. Meu humor seria predominantemente ruim (por causa do horário que eu acordo, claro) se não fosse a escola. Para alguns, é uma tortura. Mas, para mim, a parte ruim de todos os dias é apenas ter que acordar. Ao adentrar a escola, esta me parece uma dádiva. Obriga todo e qualquer mau humor a sumir apenas ao ver meus amigos. A ansiedade atual anda me impedindo de cumprir esse hábito. Cultivo esse defeito há algum tempo, antes resolvido roendo unhas, comendo escondido meu chocolate favorito, andando de um lado pro outro da sala da minha casa enquanto falava sozinha (contando minhas histórias para mim mesma milhares de vezes, por medo de esquecê-las). Ainda faço tudo isso, mas, o melhor jeito que aprendi para controlar meus sentimentos mesmo com toda a intensidade causada pela idade, foi passar a escrevê-los. Não soluciona de fato, mas organizar as ideias e formulá-las de forma que, quando compartilhadas, outras pessoas possam entendê-las já é um grande progresso para a análise destas. E sempre nessas análises, chego à conclusão que está tudo distorcido, que estou exagerando, dramatizando, que logo aquilo vai mudar... E é o que de verdade acontece. Procuro ter sempre esse senso crítico e procurar saber quais situações merecem ou não determinada quantidade de atenção. Acho que isso deveria ser obrigatório para todos, já que infelizmente a adolescência sempre passa essa mesma imagem, e porque de fato a maioria deles tem o comportamento condizente.

Outro problema que sempre me atingiu foi a baixa autoestima, causada pelo excesso de complexos (este eu realmente vejo que predomina, assim como o contrário, também visível em muitos). Vários dos meus amigos, até mesmo os mais próximos, têm grandes exigências consigo mesmos, frustrações com aparência, rendimento escolar, sentimento de inferioridade... E outros (dos quais me afasto, consequentemente) são tão exageradamente autoconfiantes que tornam-se iludidos a respeito das próprias capacidades e de seus limites. Novamente menciono a necessidade de equilíbrio em tudo (talvez por ser indecisa, nunca consigo ficar de um lado ou de outro... Faço parte permanentemente do meio termo). Resolvi este da forma mais estranha possível: me decepcionando ao perceber o quanto esse defeito afetava tudo ao meu redor. Numa desilusão muito grande, tive uma espécie de surto de realidade que me fez perceber a diferença infinita que havia entre o que as coisas realmente são e o que eu achava que elas eram. Perceber melhor as circunstâncias é o que todos fazemos, mas apenas depois que elas passam, já que assim tivemos tempo suficiente pra pensar no que deveríamos ter feito e em tudo o que houve de errado. Tentar não repetir erros é inútil, já que cada situação é única, e às vezes o que não foi bom na primeira talvez tivesse sido a melhor escolha na segunda. Mesmo assim, tento usar essa experiência como exemplo para ajudar esses amigos, sabendo que vivemos coisas completamente diferentes, mas que pelo menos algo eles poderão aproveitar. E além disso, estou sempre aqui com uma opinião sincera para dizê-los onde seus pontos de vista estão distorcidos. Os resultados parecem bons.