quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

DIÁRIO DE UMA ADOLESCENTE. AFINAL, O QUE É O AMOR?

Por Bianca Monteiro

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Demorei mais tempo para escrever essa coluna do que a das outras semanas. Na verdade, acho que foi porque finalmente achei que estava tranquila a respeito desse assunto, e eu estava errada mais uma vez. As pessoas evitam pensar em frustrações, e frequentemente, a maior é essa.

Eu não soube muito tempo o que era amor, como muitos, usava essa palavra em vão. Não tinha noção de muitas coisas, fazia promessas que sabia que nunca se tornariam reais, iludia sem querer. Era aquele balde de clichês, todas as vezes. Mas ao descobrir o que realmente é, todas aquelas coisas que eu dizia e que pareciam exageradas, pareceram tão pequenas e simples. Meu egoísmo se esvaiu e meus problemas se dissolveram, simplesmente. Admitir quem sou se tornou fácil. Aliás, admitir qualquer coisa se tornou fácil. A confiança surge de repente. O amor é algo que nos ajuda, nesse quesito. Até mesmo em relação a autoestima e afins.

Como uma vez já mencionei, amor para mim é o resultado de diversos outros sentimentos. Respeito, confiança, admiração, companheirismo, carinho, afinidade... Naturalmente, com tantos fatores, não é algo instantâneo. Vem com o tempo, à medida que conhecemos melhor a pessoa. A convivência. Nada melhor para "decidir" o tamanho deste.

É uma força maior que nós. Interfere em nossas escolhas, nos tornamos suas marionetes. Infelizmente, faz com que nós sejamos dependentes de outras pessoas. Não tem como amar sozinho.

É por isso que nos alertam tanto a respeito dele: quando nós não podemos obedecer suas circunstâncias, como estar sempre ao lado da pessoa ou ser correspondido, sofremos, e muito. Dependendo da intensidade do amor, nós perdemos toda a força, até mesmo a vontade de viver. Mas, devemos aprender a dar a volta por cima. Esse é um dos maiores valores, e novamente, depende do tempo.

A timidez o atrapalha, às vezes. Acho que todos têm certa dificuldade em encontrar uma hora adequada para dizer. Mas não acho recomendável não fazê-lo, pois parto do princípio onde devemos deixar que as pessoas saibam como nos sentimos a respeito de tudo. De como nos sentimos a respeito delas. Às vezes as próprias palavras são inúteis, os sinais são muito mais fortes. Se a pessoa tiver uma boa percepção, talvez você nunca precise dizer nada. E ela apenas saberá.

Mas, para mim, os sinais são mais importantes do que esses conceitos gerais. Como sentimentos são abstratos, variam de pessoa para pessoa, a interpretação desses sinais também. Só que fica mais difícil serem tão diversos quanto os sentimentos em si.

É acreditar que vocês, mesmo sem o resto do mundo, estão completos apenas tendo um ao outro.
É mesmo tendo diversas opções e incertezas a caminho, escolher a pessoa sem pestanejar.
É ser sincero, acima de tudo.
É não ligar quando, no meio de um grupo de amigos, alguém te pega no colo e te leva embora.
É a pessoa aparecer com frequência nos seus sonhos, até mesmo quando ela não é a protagonista deles.
Esquecer o quanto está triste perto da pessoa, até mesmo quando ela é o motivo. E notar isso quando ela sair: os problemas parecem voltar à tona.
É mesmo quando você não quiser ver ninguém, a presença daquela pessoa não parecer um estorvo.
É ela te fazer esquecer do caos que te rodeia e te fazer lembrar que a felicidade existe, pelo menos um pouquinho, enquanto ela está por perto.
É ela te fazer querer chegar de viagem mais rápido só para dar tempo de vocês se encontrarem ainda naquele dia no horário que costumam fazê-lo.
É não precisar conhecer as músicas que ela gosta, pois você já o faz.
Não contar quantas dezenas de pedaços de pizza você comeu naquela noite por estar distraído demais cantando Beatles com ela.
É não entender por que Sid tinha Nancy, John tinha Yoko, Amelie tinha Nino, e até Sheldon tem Amy Farrah Fowler, se você não pode ter a pessoa.
Fazer você aceitar sair do jeito que está, por mais detonado que esteja, apenas para tentar a sorte de encontrá-la no lugar onde sabe que costuma estar no tal horário.
Mobilizar a população de uma festa inteira só para arranjar um momento perfeito para você dizer o que precisa a ela.
Esquecer como tudo era antes de ela aparecer.
Ir a locais que você normalmente não iria nem mesmo se a ocasião fosse sua, mas vai para prestigiá-la.
Superar por ela situações que você sabe que não conseguiria normalmente por outros.
Querer que cada beijo seja interminável.
É quando deve ir, querer ficar apenas para passar mais tempo com a pessoa.
É ver o rosto dela nas pessoas que passam ao seu lado na rua.
É sorrir sozinho enquanto sente o cheiro da pessoa vindo do nada.
Não é achar que nada mais existe quando a pessoa não está. É estar ciente que tudo ainda está lá, mas não tem a mesma graça.
É quando você por algum acaso não quer lembrar da pessoa, perceber que isso se torna inevitável, já que vocês têm muito em comum, gostam das mesmas coisas.
É se arrepender do que não fez, não disse, não demonstrou.
É não notar a beleza das pequenas coisas, até a pessoa aparecer.
Achar que barreiras e empecilhos são só detalhes.
Mesmo a pessoa não sendo sua primeira, seus sentimentos por ela aparentam ser tão novos que te fazem parecer estar vivendo tudo de novo, como se fosse a primeira vez.
Achar que encontra na pessoa coisas que nunca havia encontrado em outros.
Ficar sem graça e ao mesmo tempo concordar quando outros dizem que vocês deviam ficar juntos, que formam um bonito casal.
É passar mais tempo desenhando corações no caderno do que estudando para aquela prova chata de física.
Olhar nos olhos da pessoa e desejar poder ficar ali mesmo sempre.
É deixar sua timidez de lado e dizer tudo que gostaria.
É admirá-la independente da opinião alheia, e saber que não há outro alguém que seja como ela.
É temer o futuro, principalmente as manhãs do próximo ano sem seu abraço favorito presente nelas.
Querer ter a certeza de que, depois que tudo isso acabar, vocês se verão outras vezes.
É sentir saudade das ligações diárias, mesmo aquelas por motivos banais... E também das mensagens trocadas. Das brincadeiras e provocações bobas. As risadas juntos, as piadas que se tornam internas...
É você parar de ler seu livro favorito ou abandonar seu sono, suas redes sociais e suas obrigações por algum tempo só para escrever algo para a pessoa.
É não ligar para o resto, para a aparência, ocasião, para o socialmente aceitável. O que você precisa, só você mesmo pode definir, e não deixar que os outros o façam.
Mas, principalmente: amar é nunca desistir. Não importa a distância, ou o tempo que é necessário esperar. (Por você, toda paciência do mundo ainda parece pouca. Eu realmente queria que você soubesse disso.)