Por Bianca Monteiro
Mais uma data comercial como páscoa, natal, aniversários, dia das
mães e etc, pra gente torrar muito dinheiro em compras e deixar os
lojistas ricos. Tenho pavor dessas datas normalmente, pois sou péssima
com presentes: morro de medo de errar. Sou indecisa, e detesto ter que
escolher... Se já é difícil pra mim, imagina só pros outros? Dependendo
da pessoa, é até fácil. E pra pessoa que eu mais amo? Mesmo sendo
simples, ainda é difícil por causa disso.
Até que me adiantei, o
que é raro. Infelizmente, não fez diferença: meus presentes não chegaram
a tempo. Não me importei, afinal: pra quem ama, as intenções por trás
da data não fazem a mínima diferença. É muito além do material. É um dia
pra você dedicar inteiramente à pessoa amada, pra
tentar demonstrar o tamanho do seu sentimento e provar o quanto aquela
pessoa é especial pra você. Surpresas sentimentais impressionam muito
mais pelo trabalho que temos pra fazê-las, e principalmente pelo
significado interno que aquilo tem.
Nem mesmo pude passar um tempo considerável com ele, tive por
volta de uma hora que surgiu de intervalo em nossa rotina agitada. Esses
poucos minutos foram mágicos. Na falta dos presentes, tive que
improvisar surpresas: mandei um telegrama gigante que me privou de sono
na noite anterior, mas valeu a pena. Como nem tudo coube na folha,
escrevi um outro texto
gigante e fiz os cupcakes que ele tanto queria há tempos, com cobertura
rosa (que era pra ser vemelha, mas o corante clareia, infelizmente) e
vários coraçõezinhos de açúcar. No fim, além do meu presente material,
ele também tinha uma surpresa: ganhei uma música descrevendo meu hábito
nostálgico de anotar coisas no caderninho e tive que segurar muito pra
não chorar.
Com meu dia sendo feliz, não tinha como não reparar
que as outras pessoas não estavam passando pela mesma situação. Já na
semana anterior, todos compartilhavam no Facebook imagens reclamando da
solidão na data, se "alugando" pra mesma, fazendo apelos para arrumar
alguém, ou até mesmo se orgulhando de estar sozinho falando mal da
comemoração, do amor, etc. No dia, se agravou, como previsto... Ah, é
completamente normal ficar desiludido com o amor. O que não pode é
começar a dizer que não existe desmerecendo o dos outros. Sempre acaba
naquela conversa de que o amor é cego, ou que nos cega, que nos tira a
noção e total consciência das coisas, whatever. Eu não acho isso ruim,
sinceramente. Acho que é uma cegueira natural. E amo tê-la, por isso
gosto tanto de
me manter apaixonada sempre. Enxergo a vida de outra forma (leia-se: não
me sinto tão egoísta ou dominada inteiramente pela desesperança). Meio
que o físico da pessoa passa a ser ignorado com o tempo, não por não ser
agradável, mas sim porque o que ele é já não te importa mais. O que
interessa passa a ser o que está além... Isso não é irracional de forma
alguma. Isso é lindo. Pra mim, é a melhor forma de amor alcançável.