Durante algumas semanas deixo de ler jornais e revistas, não vejo mais
noticiário de tv nem quero saber das notícias de política e polícia, muito
menos das que misturam as duas e que são cada vez mais frequentes. Estou louca
pra ver se isso muda alguma coisa na cabeça. Se mudar pra melhor, repito a
dose. Alienação? No, babies. Entrei num
período de desintoxicação mental pré-eleitoral.
Uma coisa que me deixa cabreira é a diferença entre o que de fato
acontece na vida real e o que chega a nosso conhecimento via mídia. Apoiamos a
opinião de um ou outro colunista que admiramos, pelo que sabemos dele e por
suas ideias. Até aí, tudo bem. O que estraga é o efeito cumulativo do
noticiário e da propaganda em geral: acabamos nos condicionando a pensar pela
cabeça dos outros, o que não se recomenda, por melhores que os outros sejam.
Às vezes fico assombrada com a uniformidade de determinados discursos
em certos setores da mídia. Vivemos à sombra de um emaranhado de ideias e
pontos de vista ditados por interesses que não conhecemos bem e não são nossos.
Claro que não dá pra confundir gestos e atitudes impulsivas com opiniões
próprias. Mas às vezes é preciso parar e refletir, deixar claro se o que
estamos pensando não traz de mistura as opiniões alheias que, de tão repetidas,
acabamos adotando como se fossem realmente as nossas. Uma espécie de catarse,
um exercício de purificação em busca da serenidade necessária para pensar e
agir por conta própria, sem deixar margem a futuros arrependimentos.
Agora, pouco antes das eleições municipais, talvez seja melhor puxar o
freio, deixar de engolir sem mastigar o que nos enfiam goela abaixo e pensar
ainda mais com a própria cabeça. Ou seja, votar pelo que o candidato tem de
positivo, não dito por ele ou pela propaganda, mas do que tivermos conseguido
efetivamente apurar sobre ele. Já é tempo de dar governos decentes a nossas
cidades.
Falando do Rio em particular, estamos precisando de oxigênio, ar puro
na administração, porque nas que tivemos até agora predominou o descaso
acompanhado de corrupção e muita falsidade. Valha-nos são Sebastião.