segunda-feira, 6 de junho de 2011

Ellery Queen decifra mais um mistério



Ellery Queen. A Quarta Mulher. Trad. Newton Goldman. 1970. Rio de Janeiro: Nova Fronteira.

Não é surpresa para ninguém que esse homem, cujo começo de carreira data de 1929, tenha dado conta de mais um crime misterioso e enroladíssimo, que rende um livro de 129 páginas. Uma das características do autor é justamente enfeitar o mistério maior de outros, que às vezes nem chegam a ser propriamente mistérios, mas apenas fatos intrigantes.
Esses fatos ou mistérios são como rodas e rodinhas que ajudam a desenvolver a história principal, para deleite dos aficcionados do gênero, entre os quais me incluo. Acho que romances policiais são como momentos de relax que refazem as energias para outras leituras mais, digamos, sérias. Não porque valham menos ou sejam considerados inferiores às tais leituras sérias, mas porque dá um prazer todo especial imaginar as possibilidades que se formam ao longo da narrativa. E se a gente consegue acertar algum prognóstico, então é uma pequena festa para o coração.
Na verdade, Ellery Queen não existiu, como vocês já devem ter ouvido dizer. Ele não passa de um heterônimo, como alguns outros criados por dois primos norte-americanos, Frederic Dannay e Manfred B. Lee, autores pródigos de romances do tipo. A Wikipédia traz a história dos primos e de como surgiu o detetive. Traz também sua bibliografia, supostamente completa.
Heterônimo e personagem, Ellery conquista os leitores com sua verve e simpatia.
A história, que se passa em Wrightsville, cidade que serve de cenário a numerosos casos deslindados por Queen, gira em torno de John Levering Benedict III, um milionário dono de muitas propriedades e carros, além de muitas mulheres. Suas três ex-esposas, Marcia, Hortense e Agatha, na esperança de receber uma bela quantia, seriam breve substituídas por uma quarta, supostamente chamada Laura.
Reunidas as três na casa de campo de Johnny, num fim de semana, cada uma delas poderia ser considerada suspeita de haver assassinado o ex-marido, abrindo-lhe a cabeça com uma estatueta de ferro representando os três macaquinhos. Junto ao corpo, são encontradas peças que haviam desaparecido, respectivamente, do guarda-roupa de uma loura, atriz da Broadway, de uma enfermeira extremamente sexy e de uma vedete ruiva dos cabarés de Las Vegas: um vestido de noite negro, um par de luvas brancas longas e uma peruca verde.
Depois da morte do milionário, mais de 48 Lauras se apresentam, imaginando se não sobraria dessa impostura alguma vantagem financeira digna do risco.
Conversas, dúvidas, conjeturas, personagens periféricos, atividades paralelas e uma palavra pronunciada por Benedict na hora da morte, além de uma mulher misteriosa que some e da questão da identidade da quarta mulher movimentam a trama e a tornam aparentemente impossível de solucionar.  As surpresas se sucedem até se chegar à revelação surpreendente do final.