sexta-feira, 24 de junho de 2011

A NÃO ÓPERA NA CAVERNA

Por Lilian Zaremba



Steve Reich



O que você faria se estivesse preso em uma caverna escura ?
Essa pergunta é antiga e adquire inúmeros significados com o passar dos séculos. No que pode ser a origem desta história, saída de um escrito de Platão, até chegar aos dias de hoje encaixadas no discurso sobre imagens virtuais e simulacros criados pelas novas tecnologias de comunicação, esta Caverna já dobrou milênios.
O compositor Steve Reich, está entre os artistas e pensadores contemporâneos inspirados pelo episódio descrito em texto na Bíblia e no Alcorão, criando em 1994 sua própria Caverna.

Na caverna com Steve



O norteamericano Steve Reich, considerado um dos principais compositores contemporâneos, reuniu-se em 1989 a Beryl Korot para começar a escrever sua obra “A Caverna”. Os dois levaram cerca de quatro anos para completar este trabalho que finalmente foi levado a cena em 1994, em Nova York.

O espetáculo, em três atos, reune quatro cantores solistas, quatro percussionistas três pianistas/tecladistas; violino, viola e violoncelo; e ainda flauta, oboé, corne inglês, clarineta e clarineta baixo. Ou seja, não se trata de uma orquestra de ópera tradicional.
A cena concebida por Reich e Korot também nada lembra a tradicional ópera: no palco semi- iluminado, a platéia distingue instrumentos e cinco telas com a projeção de texto e imagens em vídeo multi-canal, recurso que ainda era novidade na época em que foi concebido este trabalho.
Na verdade Beryl Korot, desde os anos 70 já vinha experimentando instalações em multi-canais com a tecnologia de filmes. No trabalho de “A Caverna”, segundo Korot ...
... depois que Steve me deu o áudio com a música, escolhi cinco telas, intercalando diferentes textos, mas mantendo uma unidade de forma que você pudesse ler tudo junto, como um só.

Ópera ou não ópera

Embora Steve Reich não mencione a palavra “ópera”, para classificar este seu trabalho, nas salas de concerto e nas estantes das lojas de música, está assim rotulada sua “A Caverna”.
Controvérsias existem.
Algumas dizem respeito a importância deste trabalho de Reich na cena contemporânea. Outras questionam a seleção deste trabalho como um dos mais representativos do autor ... mas todos parecem concordar que Steve Reich é hoje, na área da música de concerto, um dos compositores mais ouvidos, assistidos e , cultuados...e afinal, nesta nossa “caverna” plugada digitalmente tentamos entender este ganho de velocidade contemporânea que parece, segue nos colocando naquela outra caverna bíblica...

sugestão de escuta :

“A Caverna” , baseada neste episódio bíblico. Os dois primeiros atos formam compostos em 1989 e 1991, na cidade de Jerusalém. O terceiro ato, na verdade uma ampliação de certas passagens do I e II, foi finalizado em Nova York, 1992. A gravação realizada por Steve Reich Ensemble sob regencia de Paul Hillier.


A Cavarna Do Patriarca, em Israel









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