domingo, 1 de setembro de 2013

SE VOCÊS ASSISTIRAM AUGUSTINE



Dade Amorim





Freud chama a atenção para “como (...) os mais complexos sintomas revelam-se como representações ‘convertidas’ de fantasias que têm por conteúdo uma situação sexual”, especialmente no caso da histeria. Em 1914, na “História do movimento psicanalítico”, e em 1925 – “Estudo autobiográfico” – ele fala dos efeitos de haver descoberto seu engano conceitual quanto à etiologia das neuroses, o que remete por exemplo ao fecho de “Minhas teses sobre o papel da sexualidade na etiologia das neuroses”, de 1905, quando ele esclarecia que

na grande maioria dos casos exige-se uma multiplicidade de fatores etiológicos que apóiam uns aos outros e que, portanto, não devem ser colocados em oposição. Também por isso, o estado neurótico não pode ser nitidamente distinguido da saúde. O adoecimento é resultado de uma soma, e esse total de determinantes etiológicos pode ser completado por qualquer lado.

A trajetória das pesquisas de Freud vai se ampliando no tempo. Do ponto nodal da sexualidade infantil, a partir do qual imagens que mobilizam o psiquismo dariam origem a múltiplas manifestações no decorrer da vida do sujeito, ele faz progredir sua teoria sobre a etiologia dos sintomas neuróticos – ou das manifestações do inconsciente, uma vez que “o estado neurótico não pode ser nitidamente distinguido da saúde”.