terça-feira, 5 de abril de 2011

QUITANDA DA VIDA XXI

Por Telinha Cavalcanti

Cartola

Pois ontem mesmo, numa conversa no twitter, descobri que toda a ala sul-maravilha dos amigos desconhecia completamente o que é um bom cartola. Fui pesquisar imagens na internet e me deparei com um site que classificava a receita como gourmet e aí meu espanto não teve mais fim. Comentei que, no dia que cartola for culinária gourmet, o Ferran Adrià reinventa o nego-bom e pronto, tive que dar mais e mais explicações.

Gente; que povo é esse que não conhece cartola e nego-bom? O que foi feito da infância dessa gente, privada dessas maravilhas?

Pois não chore não, meu amor, que neste dia branco - se branco ele for - eu te ensino a fazer cartola, e te prometo trazer um saco de nego-bom quando eu for em Recife pedir a bença a dona Helena minha mãe.

imagem: cartola do restaurante Leite, um dos mais tradicionais de Recife 
fonte: Marcelo Katsuki


Cartola

banana prata madura, a quantidade depende da sua gula
açúcar
canela
queijo manteiga

Mas o que é queijo manteiga, Telinha?
Queijo manteiga é um queijo gordo, amarelo escuro, de corte. Não é macio como um queijo de coalho, que é um queijo novo, pouco curado, mas também não é de ralar como um parmesão. Se você não tiver queijo manteiga - como é muito certo que não tenha - substitua por queijo prato, que nessas horas quebra o galho, mas saiba que o sabor é outro.

 

Então, se prepare para a receita gourmet: corte a banana ao comprido, frite na manteiga até ficar no seu ponto (eu gosto quase torrada, cheia de casquinha preta). Coloque as fatias de queijo sobre a banana frita, com açúcar e canela. Como seu queijo vai ser prato e fino, não precisa fazer mais nada.

Se você usar queijo-manteiga, corte uma fatia grossa, de um dedo, aproximadamente. Enquanto frita a banana, em outra frigideira dê uma aquecida no queijo, de leve, com carinho, para ele começar a derreter.



 E o nego-bom?

Ah, nego-bom é bom demais. É um docinho vagabundo de caju, banana e goiaba, daqueles que a gente come sem pensar e só pára quando acaba o saco.