quarta-feira, 30 de maio de 2012

Artesanato de Caxambu. Quem valoriza?! O turista.

Por Flávia Pereira



O artesanato se caracteriza por ser feito manualmente e com recursos naturais. Essa técnica vem desde o período antigo, o que enriquece ainda mais essa arte. Em Caxambu, no Sul de Minas, não poderia ser diferente. Temos várias lojas de artesanato espalhadas por essa cidade, o que valoriza ainda mais a sua história.

Mas, Caxambu valoriza tudo isso que tem?

Segundo Dona Célia (que preferiu não ser fotografada e não dizer o sobrenome) professora aposentada e comerciante, Caxambu não valoriza os artesãos que tem.  “Os caxambuenses são muito pessimistas, nada aqui vai pra frente” diz ela. “Já frequentei várias reuniões do SEBRAE (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) e, apesar dessas reuniões serem ótimas, elas não fazem efeito. Eles só falam e não fazem nada, o que nos desanima bastante. Precisamos divulgar Caxambu, porque, apesar de pagarmos o alvará que cobra taxas para a divulgação, esta não acontece”. Camila Moniz, atendente da loja Cherubina Acro Madaleno, estabelecimento que existe a mais de oito anos, ainda enfatiza “Se nossas lojas dependessem dos caxambuenses, estaríamos perdidos, isso porque eles acham tudo muito caro. Então, tudo que fazemos, pelo menos nessa loja, é direcionado aos turistas, já que não podemos contar com nossos conterrâneos.”

Em Caxambu, de quando em quando, acontecem feiras regionais nos hotéis, o que, segundo Dona Célia “é um atraso de vida”. “O que pagamos de taxa para o hotel, faz com que não valha a pena expor nossas mercadorias por lá.”

Mas, todos os produtos das lojas de artesanato Caxambuenses são produzidos em Caxambu? Na loja Cherubina Acro Madaleno, Camila diz que não. “Aqui temos artesanatos de Baependi, as casinhas de madeira vem de Cruzília, os carrinhos vêm de Santa Rita do Sapucaí, e os panos, o forte da loja, são feitos aqui mesmo”.

Lamento ter entrevistado somente duas pessoas, entretanto, as outras artesãs que abordei se negaram a me deixar entrevistá-las, alegando timidez ou o corriqueiro “não quero, não gosto, não vou”. Tive então o prazer de fotografar as mercadorias das duas lojas que foram citadas aqui, e espero que vocês as curtam da mesma forma que curti fotografá-las.