Mas, Caxambu valoriza tudo
isso que tem?
Segundo Dona Célia (que
preferiu não ser fotografada e não dizer o sobrenome) professora aposentada e
comerciante, Caxambu não valoriza os artesãos que tem. “Os caxambuenses são muito pessimistas, nada
aqui vai pra frente” diz ela. “Já frequentei várias reuniões do SEBRAE (Serviço Brasileiro de Apoio às
Micro e Pequenas Empresas) e, apesar dessas reuniões serem ótimas, elas não
fazem efeito. Eles só falam e não fazem nada, o que nos desanima bastante.
Precisamos divulgar Caxambu, porque, apesar de pagarmos o alvará que cobra
taxas para a divulgação, esta não acontece”. Camila Moniz, atendente da loja
Cherubina Acro Madaleno, estabelecimento que existe a mais de oito anos, ainda
enfatiza “Se nossas lojas dependessem dos caxambuenses, estaríamos perdidos,
isso porque eles acham tudo muito caro. Então, tudo que fazemos, pelo menos
nessa loja, é direcionado aos turistas, já que não podemos contar com nossos
conterrâneos.”
Em Caxambu, de quando em quando, acontecem feiras regionais
nos hotéis, o que, segundo Dona Célia “é um atraso de vida”. “O que pagamos de
taxa para o hotel, faz com que não valha a pena expor nossas mercadorias por
lá.”
Mas, todos os produtos das lojas de artesanato Caxambuenses
são produzidos em Caxambu? Na loja Cherubina Acro Madaleno, Camila diz que não.
“Aqui temos artesanatos de Baependi, as casinhas de madeira vem de Cruzília, os
carrinhos vêm de Santa Rita do Sapucaí, e os panos, o forte da loja, são feitos
aqui mesmo”.
Lamento ter entrevistado somente duas pessoas, entretanto, as
outras artesãs que abordei se negaram a me deixar entrevistá-las, alegando
timidez ou o corriqueiro “não quero, não gosto, não vou”. Tive então o prazer de fotografar as mercadorias das duas
lojas que foram citadas aqui, e espero que vocês as curtam da mesma forma que
curti fotografá-las.