quinta-feira, 10 de maio de 2012

JUSTIÇA TEM MEDIDA PARA O AMOR

Por Esther Lucio Bittencourt

O sonho de consumo de todos: família feliz  (Imagem Google)

"Na semana passada, o Superior Tribunal de Justiça tomou uma decisão inédita no Brasil: determinou a um pai o pagamento de R$ 200 mil por “abandono afetivo”. Antonio Carlos Jamas dos Santos, empresário do ramo de combustíveis de Sorocaba, no interior de São Paulo, terá de pagar à sua filha, Luciane Nunes de Oliveira Souza, professora da rede municipal da mesma cidade, por sua ausência como pai. Na sentença, manchete da maioria dos jornais brasileiros de quinta-feira (3/5), a frase lapidar da ministra-relatora do caso, Nancy Andrigui: “Amar é faculdade, cuidar é dever”.
Nos dias posteriores, Luciane deu entrevistas, em que chorou muito pelo abandono, assim como comemorou a vitória dos filhos abandonados do Brasil, representada pelo seu triunfo no tribunal. Minha pergunta: é possível – e desejável – que um pai seja condenado por falta de afeto? "

Assim começa o artigo que Eliane Brum, jornalista, escritora e documentarista escreveu nesta segunda feira, dia 7 de maio na revista Época.

O caso é assustador e permite que o Estado interfira diretamente em nossa vida doméstica, forneça a medida para o bem ou mal querer, e administre a vida familiar e se nosso amor está compatível com o equilíbrio da balança da justiça:

 "(...) Pois de amor andamos todos precisados, em dose tal que nos alegre, nos reumanize, nos corrija, nos dê paciência e esperança, força, capacidade de entender, perdoar, ir para a frente. Amor que seja navio, casa, coisa cintilante, que nos vacine contra o feio, o errado, o triste, o mau, o absurdo e o mais que estamos vivendo ou presenciando. (...) Coisas de amor são finezas que se oferecem a qualquer um que saiba cultivá-las, distribuí-las, começando por querer que elas floresçam. E não se limitam ao jardinzinho particular de afetos que cobre a área de nossa vida particular: abrange terreno infinito, nas relações humanas, no país como entidade social carente de amor, no universo-mundo onde a voz do Papa soa como uma trompa longínqua, chamando o velho fraco, a mocinha feia, o homem sério, o faroleiro (...)" (Carlos Drummond de Andrade - Correio da Manhã, 14/10/66).

Medida para o amor  (Imagem Google)

 Raphaela Saragiotto,25 anos, advogada em São Paulo diz:

"Gente, desculpa, cada um tem sua opinião, mas só quem teve seu pai distante de você, em uma fase importante, que pode dizer se a sentença foi justa ou não e eu concordei com ela, também sou advogada e achei um passo grande do direito esta sentença.
A pior coisa é você se formar na faculdade e na valsa dos pais ter que dançar com seu tio, porque seu pai não quis ir por conta de outra mulher... 

Eu sempre falo com o meu pai todos os dias, porque ele me liga todos os dias, saio com ele alguns finais de semana para almoçar, paga algumas contas de casa, mas creio que isso não basta, ele não sabe mais absolutamente nada da minha vida, pois o pouco que se interessa ele acaba esquecendo e não mostrando interesse, o que me faz perder a vontade de contar qualquer coisa para ele. As ligações que ele me faz são para perguntar se eu almocei, se eu estou com blusa porque está frio, assuntos completamente desnecessários entre pais e filhos. Eu gostaria de sentir realmente preocupação, preferia mil vezes que ele me ligasse uma vez por semana e com assunto para falar, do que me ligar três vezes ao dia para me perguntar se trabalhei muito, pra comentar do trânsito de São Paulo ou do clima.

Não o processaria porque creio que seria um desgaste desnecessário, relembrar muitas coisas, remoer coisas piores ainda, na verdade tem horas que o desprezo de uma filha pelo pai é muito mais punição do que ter que pagar uma indenização. Falo isso porque, apesar do meu pai ser deste jeito, hoje em dia, tenho certeza que ele não suportaria ficar sem falar comigo, pois lembro quando ele saiu de casa - eu olhei nos olhos dele e disse: “estou decepcionada com você”, e os olhos dele encheram de lágrimas. Apesar dele sempre querer converter a situação, ele acha que as ligações que ele faz supre a falta que ele faz como pai...

A sentença mostra que uma pessoa pode, sim, sofrer sérios distúrbios com a falta de um pai ao lado. No meu caso, por exemplo, minha irmã teve que frequentar psicólogo por um ano, pois ficou totalmente arrasada. A punição não é solução nenhuma, mesmo porque se fosse solução, não teríamos crimes mais, já que a maioria é punível, mas creio que é uma forma da “vítima” se sentir “vingada” pela falta de carinho que sofreu, pelo abandono que teve.

Claro que dinheiro não te dá um abraço, um carinho, mas você acaba usando-o para se sentir melhor e também para começar a pensar: “viu, ele não me deu carinho, agora tirei dele o que ele mais tem de precioso, o dinheiro”... Pra mim, afeição é muito mais que abraço, que presença, pois é possível você ter afeto por uma pessoa que está longe de você, basta você demonstrar que se importa, buscar ajudar, procurar sempre ainda que longe, estar perto da pessoa e quando possível estar perto, um abraço, um carinho.

Meu pai não foi nem à minha formatura, nem à formatura da minha irmã; ele não chegou a dizer que não ia por conta da outra mulher dele, simplesmente falou que não ia e ponto. Desde que ele se separou da minha mãe eles não se falam, nem por telefone, nem nada, então acredito que ele não tenha ido para não ter que encontrar minha mãe, porém a formatura era da filha dele e isso que ele deveria ter levado em consideração, pois fico pensando, se ele não foi na minha formatura, será que iria no meu casamento? Ou teria que entrar na igreja com minha mãe?!

É muito difícil falar em esquecê-lo, sempre fui MUITO apegada a meu pai (quando ele estava com minha mãe) e agora tenho medo de “largar mão” dele e me arrepender depois, pois acredito que ele tem os motivos dele em ser assim e cada um irá acertar suas contas lá no final, então, deixo como está, creio muito na justiça divina acima de tudo, por isso não “me vingo”. E por outro lado, acabo usando nosso relacionamento como forma de conseguir dinheiro também, pois sempre que peço dinheiro ele dá, me paga contas, então se for pensar, acabo recompensando a falta de afetividade com o dinheiro dele mesmo, igual a menina que processou o pai."


Rozeli Mesquita, 49 anos, mora em Campinas, São Paulo, também é favorável à sentença que dá ganho de causa por ausência afetiva. Ela trabalha numa ONG com adolescentes de 16 a 18 anos - encaminhamento ao primeiro emprego.

"Meus pais se separaram eu ainda era adolescente e sofri muito com a ausência dele, embora minha mãe fosse (e ainda é) uma super mãe e que me fez o que sou hoje. Dói a ausência. E muito. Morria de inveja das minhas amigas que saíam ou eram buscadas pelo pai... e eu não tinha o meu. Nas festas do colégio, cadê meu pai? Hoje sou separada, e luto muito pra manter minha filha ao lado do pai e dos avós e tenho conseguido sim. Eu também concordei com a sentença , pois como disse a Raphaela Saragiotto, só quem teve um pai ausente pode julgar se foi justa ou não a sentença."

PF- Por que a história da separação se repetiu com você,  há alguma explicação para isto?

Rozeli - A história da minha separação foi por motivos diferentes da separação dos meus pais. A única explicação que eu encontro para isso, além do amor ter acabado (sim, acaba porque a gente esquece de cuidar dele) é que nos tornamos pessoas totalmente diferentes em tudo: enquanto eu sou realista, traço planos, vou atrás do que quero e etc, ele era o oposto de mim; e outras coisas que acho que não vale a pena comentar. Quanto a ausência física de pai com a minha filha não há. Mas a ausência emocional talvez esteja comprometida exatamente pela pouca presença. Acredito que eles deixaram de se conhecer.

Ele mora na mesma cidade que nós, o contato é quase diário (telefone), e físico sempre que ela pode. Eles jamais se distanciaram fisicamente e, eu faço o que posso pra que isso não aconteça.Tenho ótimo relacionamento com ele e a família e de verdade, amo meus sogros e minha cunhada. Eles continuam a ser parte da minha familia. Minha filha, como qualquer adolescente (ela tem 17 anos), dramatiza muito algumas coisas. Ela sabe da minha luta para dar a ela o que dou (e olha que não é pouco pra quem cuida praticamente sozinha dela - sim, o pai dá a pensão e, sempre que pode, algo mais) mas, às vezes, ela fala que sente inveja dos pais das amigas, que têm ciúmes das filhas colocarem shorts curtos (risos) e o pai dela não está aqui pra fazer o mesmo..."

Esther, eu não sou favorável à intervenção do...
Marise Caetano- "Eu também concordo com a sentença. Já que não se pode obrigar ninguém a gostar do filho e estar presente, pelo menos se penalize o bolso, onde mais dói nesse tipo de gente. Eu não sou favorável, por exemplo, à intervenção do Estado na família não, mas acho que botar filho no mundo carrega uma responsabilidade à qual não se pode fugir. Fica muito fácil parir e achar que os outros devem cuidar. Por essa razão, optei por não ter filhos, não queria ficar presa a ninguém. Minha mãe foi uma educadora severa e eu acho que por isso me tornei um ser humano decente, cumpridora das minhas obrigações e com respeito pelos outros."


Keila Rodrigues Barreira ‎50 anos, dona de casa, com 2 filhos, mora em Vila Velha, no Espírito Santo. "A minha filha também é advogada. Meus pais foram presentes, mesmo depois de separados...Eu acho que cada um dá o que pode. Cada um tem seu modo de demonstrar amor. Jamais processaria meu pai por achar que não fez da maneira que eu acho que deveria ter feito. Ele fez o que estava a seu alcance. Também tenho filhos e faço o melhor que posso por eles. É o suficiente? Acho que não. Talvez o que eu dê esteja aquém do que eles desejam. Carinho, amor, atenção, afeto... dinheiro nenhum paga isso. Existem coisas que não tem preço!"


Marise Caetano - (respondendo à Keila Rodrigues Barreira) "Eu sei, Keiloka. Grana não paga falta de carinho, de amor. Eu entendo que uma filha que entra com uma ação dessas está muito ferida pela ausência, pelo desamor e quer chamar atenção do pai, nem que seja por esse motivo."


Sonia Mello - de Piracicaba, São Paulo. Tem um filho de 29 anos. "Realmente não se pode medir a falta da afetividade mas sim, os transtornos que a falta do amor de qualidade pode causar. Todo o sofrimento deve ser reparado. Dar amor, presença, carinho não custa nada, então... Os pais devem, sim, ser responsabilizados pelo sofrimento causado. Infelizmente só quando é posta a mão no bolso que a punição é respeitada. E que isso sirva de exemplo. Pra que todos se conscientizem que a qualidade de amor é que deve estar presente. Mas a falta dele é, realmente, um grande absurdo."



Stella Cavalcanti fala com relação ao amor paterno (seu pai está na foto ao lado): "A única reclamação que eu tenho é do meu pai ter morrido cedo demais. Ele tinha um coágulo na jugular e não quis operar porque "não sou galo para ninguém cortar meu pescoço" e "não quero médico mandando em mim". Ele fez o que achou correto (por gênio ou por medo) e todos nós pagamos o preço: o coágulo se soltou, subiu pro cérebro, ele teve um AVC; não pôde ser operado na hora (pulmões pretos de nicotina, ele fumava desde os 15 anos) e o estrago foi feito. Quando, finalmente, os pulmões limparam o mínimo suficiente para a cirurgia, ele já tinha um comprometimento cerebral seríssimo. Ele adoeceu quando eu tinha 17 anos. Ficou cinco anos em coma vigil (dorme/acorda mas sem consciência), acabou com a saúde de mamãe e eu sobrevivi a trancos e barrancos.
Se eu pudesse mudar alguma coisa, ele teria se cuidado e não teria o derrame. Passamos cinco anos dolorosíssimos que talvez pudessem ter sido evitados. É essa a única queixa que eu tenho dele."

Amores 

Sobre o amor paterno, peguei carona numa conversa da Fal Azevedo, que lançou, recentemente, seu livro "Sonhei que a neve fervia" e ficou assim:

Fal Do Drops: "hahaha,  então meu pai morreu me devendo um milhão, aquele filho da puta..."

Claudio Luiz: "Fal... Ah, se eu fosse a Esther publicava a sua frase - devendo um milhão - e seria ótimo. Por que, né?... se o cara fudeu e gerou um filho eu acho que ele tem que contribuir com o dinheiro do leite, da escola... agora, amor? e R$ 200 mil já tá bom? ela ficou feliz? que amorzinho barato, heim?"

Fal Do Drops:  "Você é genial, Clau. Pronto, o Claudim disse tudo que eu não tenho talento pra dizer: que amor barato. Eu queria ser um tipo de compositor."

Beth Salgueiro complementou: "Fico tão confusa com essa historia aí - de cara fico achando que o Estado não tem que se meter nas intimidades da família, juíza dando sentença sobre o amor que um pai deixou de dar pro filho, eu hein?! Mas depois fiquei achando que ela estava falando de cuidados, de presença desse pai, na vida da filha, porque parece que grana ele sempre deu, mas nunca pintou em carne e osso... Nesse sentido a sentença abriu uma jurisprudência que pode ser interessante pra esses machinhos aí, né não?"

Nelson Tostes Ramos: ‎"Pavor dum Estado que tira o cigarro da sua mão, que te obriga a amar, que te diz com quem você não pode casar, que símbolos religiosos VOCÊ não pode usar. Pavor".

Eloisa Arduina Magalhães: "Isso do Estado se meter na vida das pessoas é podre. Legislar sobre amor ou desamor? Daqui a pouco vai ter filho, marido, mulher, entrando na justiça porque o pai, esposa, marido não te ama, mesmo dentro de casa.... entrando na justiça e pedindo indenização, que amor com dinheiro se paga, é uma máxima do capitalismo.
Ah, e por onde anda aquela coisa antiga que advogados chamavam de "foro íntimo"? Agora tudo é público e legislável/intrometível pelo Estado?"

Fal do Drops : "Tou falando, Eloisa Arduina Magalhães, eu ia ganhar uma baba de grana, flor, e a gente ia visitar dr. Zahi Hawass. Visita do século XIX, a fia vai e fica 3 meses, hahahaha. É Estado demais pra mim."

Eloisa Arduina Magalhães: "Sou absolutamente contra o Estado legislar sobre sentimentos, aquilo que sempre foi chamado "foro íntimo"... amor não se pode obrigar, e nem será reparada sua falta com indenização... se é amor mesmo que a mulher quer, a juíza devia obrigar o pai a amar a filha, dar-lhe atenção... é possível? Claro que não. Então, arbitra-se uma indenização e a filha fica satisfeita? Agora se sente amada? Ou vingada?

Amor barato, de Chico Buarque de Holanda e Francis Hime, dica da Fal

 



Ana Laura Diniz,
jornalista, professora, que faz pós-graduação em Neuroeducação comenta:

"O que é certo e o que é errado, afinal? É complicadíssimo tecer um juízo de valor acerca do assunto. O que leva as pessoas tomarem determinadas medidas? O que faz as pessoas, às vezes, repetirem as histórias de seus pais? O que faz as pessoas serem de fato o que são? Quem somos nós? Tudo acaba sendo muito filosófico, mas também científico.

Particularmente, sou totalmente contra essa determinação da Justiça. Afinal, o que isso significa? Se a carência da pessoa é afetiva, o dinheiro não proporcionará a ela o que lhe falta. E esse pai, obviamente, não passará a amar a filha depois dessa atitude. Ou seja, em termos sentimentais: escala zero. Ou abaixo de. De qualquer forma, creio que quem tem amor próprio não mendiga amor alheio. E veja, não falo nada atrelado a orgulho, falo da falta de necessidade mesmo. Suponha: você tem um pai que não te amou? Ora, você pode ter perdido alguma coisa (ou muita, dentro da tua escala de necessidades), mas ele perdeu também, e possivelmente, muito mais. Vá viver e ser feliz independentemente disso. Ame quem te ama, e siga adiante. Agora se a falta é estritamente financeira, aí é diferente... pois cabe o recurso da Justiça.

Cientificamente, no entanto, a explicação é outra... e como é extremamente longa, resumo: a situação que ocorreu nesse processo foi, na verdade, cobrança de desistência emocional ou seja, de abandono - no caso, de pai para filha. Mas poderia ser o contrário. Há milhões de histórias de filhos que abandonam os pais, principalmente quando estes se encontram velhos, doentes. E aí? Serão estes também processados? Não sei. Mas a pergunta que cabe é: quais os motivos que levam a isso? É necessário conhecer cada caso, claro, antes de sair afirmando qualquer coisa, aleatoriamente. Mas há aspectos que podem ser "trabalhados" nessas pessoas, principalmente naquelas que se sentem desprezadas, desprestigiadas, vítimas da falta desse amor. E por que principalmente elas? Simplesmente pelo motivo de, ao menos aparentemente, sentirem maior impacto e tristeza por determinada ausência. A sociedade acredita que aquele que despreza sente muito menos que aquele que foi desprezado. E o que muitos desejam então? Vingança. E o vazio sentimental pode até ser preenchido de alguma forma, mas será momentaneamente. É preciso entender, compreender, e ir além: superar situações dessa natureza - se o desejo for o de ser feliz. Tanto a Neuroeducação quanto a Neurociência tratam desses e outros aspectos porque podem atuar na reprogramação - com a pessoa totalmente consciente - da mente: há intervenções para sanar todo tipo de carência, de timidez de compreensão, de traumas, e mais, é possível desenvolver sem demora as questões da autoestima e da autoconfiança permanentes, geralmente nulas em vivências dessa natureza.

Pessoalmente, creio que as pessoas, no fundo (e no raso), só querem ser felizes: mas como viver de fato essa realidade tendo tamanhas amarras? Ou culpa? Ou amargura? Ou o que valha? Dinheiro não cura e não resolve nada disso. E a Justiça, perdoe-me o Estado, mas ela não tem como medir o abstrato, o emocional. Há no mercado um termômetro para o amor? Existe algum "amômetro"? E quanto vale o amor? Sexo pode até se comprar, mas amor, não. Eis um raro caso, aliás, em que na vida não cabe a corrupção, a prostituição... nem de ética, nem de valor, nem de moral... real ou metaforicamente. Mas cá entre nós, nessa coisa toda, quem está certo? Quem está errado? Voltamos ao círculo filosófico... ao ciclo vital: Quem somos nós? E o que somos capazes de fazer por amor? Ou pela falta de? Quem arrisca um palpite?! Quem?"