domingo, 28 de novembro de 2010

QUITANDA DA VIDA V

Por Telinha Cavalcanti

Escondidinho


HMMMMM!!! Escondidinho é uma delícia. E taí uma coisa que eu sei fazer bem.

Peraí, não é nada disso que vocês estão pensando, seus seres de mente maldosa. Escondidinho é um prato pernambucano, que é um purê de macaxeira/aipim/mandioca com charque desfiada dentro. Aqui em casa é um prato que não rende. A gente come, come, come e só sossega depois que raspa bem a travessa e suspira de tristeza porque acabou. E pode congelar, viu? Só que aqui nunca sobrou para isso :)

Para fazer o legítimo escondidinho pernambucano (e, meu Padre Cícero, como tem escondidinho caro e vagabundo pelo mundo afora...) você vai precisar de:

1 kg de macaxeira/aipim/mandioca (ô coisa para ter nome, meu pai) da macia, molinha, sem muita fibra.
1 pote de requeijão
1 caixinha de creme de leite
500 g de carne seca/charque (a que eu prefiro é a de lagarto, que vem macia e sem gordura. se você preferir ser tradicional, uma carne seca/charque ponta de agulha é a mais indicada)
400 g de queijo coalho ralado grosso. ou mais, se você for guloso :)

Primeiro, descasque a macaxeira/aipim/mandioca e cozinhe na água com sal até ficar macia. Tem umas que não amaciam nunca, e nesse caso você vai desistir do escondidinho. O jeito é escorrer a água, cortar a macaxeira/aipim/mandioca já cozida, fritar em bastante óleo, pegar uma cerveja e me chamar para a gente comer enquanto fala mal da vida dos outros.

Com a macaxeira/aipim/mandioca escorrida e morna (quente demais não dá, fria não funciona) bata aos poucos no processador de alimentos com a lâmina de metal (ou no liquidificador, bem aos poucos, senão a coisa fica feia) e coloque um copo de requeijão e um pouco do creme de leite. Vá batendo até virar um creme aveludado - é, exatamente essa palavra. O creme fica aveludado, macio, sem pelotas de mandioca/aipim/macaxeira. Não coloque tudo de uma vez, esta é mais uma receita em que o olho é importante. Experimente o sabor, se botar creme de leite demais o purê fica sem graça. Salgue, se necessário.

Enquanto isso, você vai cortar a charque/carne seca em pedaços e dessalgar. Faça do seu jeito; se não sabe fazer, faça do meu: coloque a charque numa panela com bastante água e troque a água sempre que ferver. Umas duas ou três vezes deve funcionar direitinho. Experimente um pedacinho da charque e, se estiver bom, espere amornar e desfie. Se não estiver macia o suficiente para desfiar, corte em tirinhas finas.

Rale o quejo coalho no ralo grosso e reserve. Serve mussarela? Serve. Serve queijo prato? Serve. Mas o bom é com queijo coalho.

Em um pirex, monte o escondidinho: Uma camada grossa do creme de macaxeira/aipim/mandioca, o charque/carne seca cozido (desfiado ou cortado fininho), a camada seguinte do creme e coroe com o queijo de coalho ralado, uma camada bem grossa. Leve ao forno para gratinar.

Sirva quente, ao som de Luiz Gonzaga.