Finalmente, chegamos a Beppu.
Pequena cidade litorânea, estranha e curiosa, repleta de onsens (banhos quentes) e fontes termais. Com menos de 200 mil habitantes, vive praticamente da exploração do calor das profundezas.
Vista do alto parece estar pegando fogo, devido a quantidade de torres de vapor que se pode ver por toda parte, entre prédios e casas. Desde muito tempo, o vapor produzido no subterrâneo foi canalizado engenhosamente para os hotéis da região, além das casas de banho e hospitais, onde o banho quente é usado como parte do tratamento de diversas moléstias.
No hotel (Kamenoi), além do onsen (banho de fontes termais), onde os hóspedes podiam cozinhar por vontade própria, o lobby de entrada possuia uma grande variedade de artigos da região à venda.
Passei alguns minutos tentando entender alguns deles, confesso, sem muito sucesso.
Uma moça que atendia no caixa, me vendo perdido por alí, se aproximou e delicadamente esticou uma bandeja em minha direção.
Sobre ela, alguns filés de carne rosada, marmorizada e garfinhos. Achei que seria má educação minha recusar e experimentei a ‘iguaria’.
Sashimi de carne de cavalo.
Nada mal, bem macia e quase adocicada.
(Nunca mais olharei para um cavalo com os mesmos olhos...)
Pela manhã fomos visitar dois jigokus (infernos).
O Umi-Jigoku, 'Oceano do inferno', água verde azulada envolta no vapor, onde se pode comprar ovos que foram cozidos numa cesta mergulhada na água fervente.
Mais ou menos 93 graus centígrados.
O Chino-Ike-Jigoku, que tem nome de filme de horror, 'Inferno do Lago de Sangue', tem a água vermelha e barrenta.
Como disse uma obachan (avózinha), o japonês pega um fenômeno da natureza, reveste de santidade xintoísta e cobra ingresso para o turista ver. É lógico, sem esquecer das lojinhas vendendo tudo que se possa imaginar, de espada samurai à roupa de ninja.
Em Beppu vemos coqueiros por toda parte, o que contribui para o clima ‘caliente’ segundo a guia.
Não sei onde ela aprendeu esta palavra... provavelmente numa aula de aeróbica.
O mais estranho sobre Beppu é a naturalidade com que os moradores da cidade convivem com verdadeiras mini-erupções vulcânicas.
Vi uma senhora, de quimono, cuidando do seu jardim, em frente de casa. Muito cuidadosamente ia podando uma roseira.
Atrás dela, de um montinho de pedras ao chão, brotava uma coluna de vapor.
Normal.