domingo, 4 de agosto de 2013

INTRODUÇÃO



Dade Amorim

Ao participar de ações promocionais de saúde em comunidades do município do Rio de Janeiro, observa-se que muitas pessoas desenvolvem doenças por desconhecer alguns cuidados básicos de saúde. Porém, alguns alegam que o problema de saúde é devido à dificuldade de acesso aos serviços oferecidos pelo SUS em hospitais de grandes emergências ou nos centros de atendimentos primários. “Qual atendimento procurar? Como marcar uma consulta? Como ter um próximo atendimento?”
Esses questionamentos despertaram o interesse em verificar as formas e meios utilizados de comunicação nos serviços oferecidos pelo SUS, levantando a questão: será que as formas utilizadas para a divulgação dos serviços de planejamento prestados são suficientes, adequadas, eficazes e objetivas?
A dificuldade da população quanto ao acesso aos serviços é fato inquestionável, apresentado em noticiários que apontam problemas do atendimento, filas e falta de vagas. O presente estudo deseja saber se o problema poderia ser minimizado com uma nova política de comunicação ou se a comunicação realizada atualmente já esgota as possibilidades de ação.
Para tal, serão analisados alguns estudos científicos, mediante pesquisa bibliográfica sobre o tema da política de planejamento familiar, sua estrutura e abordagem. Utiliza-se, como amostragem da atuação dos postos de saúde municipais, a experiência vivida no Centro Municipal de Saúde Jorge Saldanha Bandeira de Mello, observada a atuação dos profissionais, suas opiniões e experiências, com base no desempenho da divulgação de informações e serviços. Incluiremos, também, a opinião da clientela que participa do programa.
No primeiro capítulo será apresentado o conceito de saúde pública, desde seus primórdios até que tenha sido percebida sua importância para o desenvolvimento econômico. Incluem-se ainda comentários acerca da estruturação da saúde pública no Brasil e a reforma de Oswaldo Cruz enquanto medida de saneamento econômico, ressaltando-se a Revolta da Vacina como fruto do desconhecimento popular sobre os benefícios da vacina.
Apresenta-se aqui a mudança gradual da assistência social no país até a promulgação da Constituição de 1988, a criação do Sistema Único de Saúde e o projeto da participação popular.
O capítulo ressalta o lançamento do Programa de Assistência Integral à Saúde da Mulher e do Programa de Planejamento Familiar em 1983 e as dificuldades de continuidade e avanços nessa área durante longo tempo, mencionando alguns pontos da lei 9.263, que define o planejamento familiar. Expõe estudos e pesquisas realizadas sobre o funcionamento deste programa, seu entendimento por parte dos funcionários e usuários do sistema, a incidência de gravidez não planejada e abortos, além do perfil dos usuários.
O segundo capítulo tratará de esclarecer o que é comunicação segundo diversos teóricos, os processos utilizados, a comunicação de massa e sua segmentação. Chega ao entendimento do uso da comunicação como instrumento estratégico, do desenvolvimento de uma comunicação eficaz e da importância da comunicação interna e do feedback.
Finaliza comentando sobre um estudo científico que trata da política pública de comunicação no Brasil, e outro estudo que apresenta problemas do SUS para receber as queixas dos usuários.
Já o terceiro capítulo apresentará a experiência no Centro Municipal de Saúde Jorge Saldanha Bandeira de Mello, acerca do trabalho dos profissionais que atuam no programa de planejamento familiar e dos usuários do serviço; o que foi observado quanto à forma de comunicação aos usuários do posto em outros serviços; a opinião dos profissionais quanto ao suporte oferecido pela Secretaria; as dificuldades de obter material didático, insumos ou profissionais para atuarem no serviço. Analisa ainda as ações de planejamento visando a comunicação com o público – jovens, adolescentes, homens ou mulheres sem filhos –, as capacitações fornecidas pela Secretaria Municipal, e como é percebida a atenção do SUS relativamente ao programa.
Será analisado o perfil dos usuários que participaram do grupo de planejamento familiar formado durante o estudo, como chegaram a ter conhecimento sobre o serviço e que atendimento lhes foi prestado.
Na conclusão, apresenta-se uma problematização com base nos estudos científicos expostos no primeiro capítulo e na realidade experimentada no Centro Municipal de Saúde Jorge Saldanha Bandeira de Mello, confrontada com a teoria da Comunicação, em paralelo com um planejamento estratégico de comunicação.