Dade Amorim
Ao participar de ações promocionais de saúde em
comunidades do município do Rio de Janeiro, observa-se que muitas pessoas
desenvolvem doenças por desconhecer alguns cuidados básicos de saúde. Porém,
alguns alegam que o problema de saúde é devido à dificuldade de acesso aos
serviços oferecidos pelo SUS em hospitais de grandes emergências ou nos centros
de atendimentos primários. “Qual atendimento procurar? Como marcar uma
consulta? Como ter um próximo atendimento?”
Esses questionamentos despertaram o interesse em verificar
as formas e meios utilizados de comunicação nos serviços oferecidos pelo SUS,
levantando a questão: será que as formas utilizadas para a divulgação dos
serviços de planejamento prestados são suficientes, adequadas, eficazes e objetivas?
A dificuldade da população quanto ao acesso aos serviços é
fato inquestionável, apresentado em noticiários que apontam problemas do
atendimento, filas e falta de vagas. O presente estudo deseja saber se o
problema poderia ser minimizado com uma nova política de comunicação ou se a
comunicação realizada atualmente já esgota as possibilidades de ação.
Para tal, serão analisados alguns estudos
científicos, mediante pesquisa bibliográfica sobre o tema da política de
planejamento familiar, sua estrutura e abordagem. Utiliza-se, como amostragem
da atuação dos postos de saúde municipais, a experiência vivida no Centro
Municipal de Saúde Jorge Saldanha Bandeira de Mello, observada a atuação dos
profissionais, suas opiniões e experiências, com base no desempenho da
divulgação de informações e serviços. Incluiremos, também, a opinião da
clientela que participa do programa.
No primeiro capítulo será apresentado o conceito de saúde
pública, desde seus primórdios até que tenha sido percebida sua importância
para o desenvolvimento econômico. Incluem-se ainda comentários acerca da
estruturação da saúde pública no Brasil e a reforma de Oswaldo Cruz enquanto
medida de saneamento econômico, ressaltando-se a Revolta da Vacina como fruto
do desconhecimento popular sobre os benefícios da vacina.
Apresenta-se aqui a mudança gradual da assistência social no
país até a promulgação da Constituição de 1988, a criação do Sistema Único de
Saúde e o projeto da participação popular.
O capítulo ressalta o lançamento do Programa de Assistência
Integral à Saúde da Mulher e do Programa de Planejamento Familiar em 1983 e as
dificuldades de continuidade e avanços nessa área durante longo tempo,
mencionando alguns pontos da lei 9.263, que define o planejamento familiar.
Expõe estudos e pesquisas realizadas sobre o funcionamento deste programa, seu
entendimento por parte dos funcionários e usuários do sistema, a incidência de
gravidez não planejada e abortos, além do perfil dos usuários.
O segundo capítulo tratará de esclarecer o que é comunicação
segundo diversos teóricos, os processos utilizados, a comunicação de massa e
sua segmentação. Chega ao entendimento do uso da comunicação como instrumento
estratégico, do desenvolvimento de uma comunicação eficaz e da importância da
comunicação interna e do feedback.
Finaliza comentando sobre um estudo científico que trata da
política pública de comunicação no Brasil, e outro estudo que apresenta
problemas do SUS para receber as queixas dos usuários.
Já o terceiro capítulo apresentará a experiência no Centro
Municipal de Saúde Jorge Saldanha Bandeira de Mello, acerca do trabalho dos
profissionais que atuam no programa de planejamento familiar e dos usuários do
serviço; o que foi observado quanto à forma de comunicação aos usuários do
posto em outros serviços; a opinião dos profissionais quanto ao suporte
oferecido pela Secretaria; as dificuldades de obter material didático, insumos
ou profissionais para atuarem no serviço. Analisa ainda as ações de
planejamento visando a comunicação com o público – jovens, adolescentes, homens
ou mulheres sem filhos –, as capacitações fornecidas pela Secretaria Municipal,
e como é percebida a atenção do SUS relativamente ao programa.
Será analisado o perfil dos usuários que participaram do
grupo de planejamento familiar formado durante o estudo, como chegaram a ter
conhecimento sobre o serviço e que atendimento lhes foi prestado.
Na
conclusão, apresenta-se uma problematização com base nos estudos científicos
expostos no primeiro capítulo e na realidade experimentada no Centro Municipal
de Saúde Jorge Saldanha Bandeira de Mello, confrontada com a teoria da
Comunicação, em paralelo com um planejamento estratégico de comunicação.