Por Esther Lucio Bittencourt
Para Alline Storni
AUGURI!
Hoje, falamos sobre o dia das mães. Que, afinal, é todos os dias, mas diz o marketing que é de bom tom lembrar dela no dia em que o comércio fatura com vendas. Para quem? Presente para as mães!
E me pergunto: desde quando o Primeira Fonte obedece a quejandos e tais? Mas, desta vez, exceções sempre existem, vamos participar do lugar comum porque os depoimentos são bonitos, são lindos de doer. E por causa de Alline. Alline Storni que teve Norah em Milão. Nasceu por estas semanas.
Por isto, este dia vai para Alline com votos de que Norah ame o sol do Brasil.
Mas, olhem só mães... em nós, vocês existem todos os dias do ano. Mas hoje vamos comer macarronada e frango, o ajantarado das tradicionais famílias burguesas de domingo, para estar mais de acordo com o senso comum.
Dia das Mães: dona Helena
Por Telinha Cavalcanti
Um dia, em fevereiro de 1970, Dona Helena arrumou as malas da famíla - todos iam viajar, passar umas semanas numa casinha de veraneio na praia de Tamandaré, em Pernambuco. Os planos pros próximos dias incluíam muito descanso, muito peixe e muito banho de mar.
Só que aí Dona Helena percebeu uma coisa: iiiih... Segundo seu calendário, ao chegarem na praia, ela não iria poder tomar banho de mar por uma semana, pelo menos.
De qualquer jeito, a idéia da praia a deixava feliz. Ela, o marido e as meninas haviam morado lá durante alguns anos, antes de se mudarem pro sertão. Ia ser muito bom rever os amigos, deitar na rede, sentir a brisa morninha do fim da tarde.
Chegando em Tamandaré, ela pôde tomar banho de mar durante toda a estadia. Nada impediu que ela vestisse seu maiô e acompanhasse as filhas e o marido nas manhãs de sol quente, nas tardinhas de pescaria com vara de bambu e molinete, o samburá cheio de iscas.
Voltando para sua casinha, lá no sertão, dona Helena voltou a fazer as contas. Com os olhos brilhando, esperou o marido chegar do trabalho. Sentou-se com ele à mesa e contou a novidade. Os dois começaram a fazer planos.
Em outubro daquele ano, eu nasci.
Reconciliação
Por Vera Guimarães
Eu tinha quase oito anos e bastante confusão no coraçãozinho de menina. O pai, carinhoso e amável, mas desprovido das armas para os embates da vida, acabou cedendo a chefia da família para a mãe, valente e decidida, que abriu uma pensão para sustentar a família numerosa.
Eu não sabia direito a quem amar, se à provedora inflexível, se ao pai que tentava passar despercebido, mas sempre presente nas queixas da mãe.
E acabei achando que à mãe só devia respeito e gratidão, que ali não havia espaço para amenidades, para os supérfluos e os gestos de carinho.
Foi, pois, motivo de surpresa e encantamento o par de brinquinhos que minha mãe me deu naquele aniversário. Eles eram miúdos, feitos de ouro polido e martelado, em forma de caixinha redonda, com uma pequena pedra vermelha.
Eu não me cansava de olhar para eles. E entendi que, por trás e apesar das contas no armazém e da lida no tanque e no fogão de lenha, ainda havia espaço no coração de Mamãe para a poesia de uns brinquinhos comprados a prestação.
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Alline Storni, que escreve 84, Charing Cross, estava hoje na varanda de sua casa, em Milão, como descreveu no Facebook: