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Você sabia que o Carnaval teve origem na Grécia, por volta dos anos 600 a 520 a.C.? Pois é, quem acha que a festividade é tipicamente brasileira se engana. Na verdade, ela surgiu no Brasil apenas no século XVII e foi completamente influenciada pelas festas carnavalescas que aconteciam na Europa.
Na França, por exemplo, o Carnaval ocorria por meio de desfiles urbanos, e as pessoas se fantasiavam e usavam máscaras enquanto dançavam pelas ruas. Personagens tão conhecidos por aqui, como o rei momo, o pierrot e a colombina, foram importados – ainda que com o tempo tenham incorporado à nossa cultura.
E demorou três séculos para isso. Somente no século XX que realmente houve a popularização do Carnaval, e com ela, os primeiros blocos carnavalescos, os cordões e até os famosos corsos, ou seja, os cortejos de automóveis pelas ruas e avenidas. Tudo valia em nome da alegria. As pessoas, no embalo da festa, passaram a também decorar os seus carros – daí a origem dos tão conhecidos carros alegóricos.
Mais do que isso. Porque não existe festa sem música, e as marchinhas carnavalescas reinaram absoluto desde cedo, e claro, rompeu gerações. A “Abre alas” de Chiquinha Gonzaga, por exemplo, foi composta em 1899.
ABRE ALAS
Chiquinha Gonzaga, 1899
Ó abre alas que eu quero passar
Ó abre alas que eu quero passar
Eu sou da lira não posso negar
Eu sou da lira não posso negar
Ó abre alas que eu quero passar
Ó abre alas que eu quero passar
Rosa de ouro é que vai ganhar
Rosa de ouro é que vai ganhar
Chiquinha Gonzaga, 1899
Ó abre alas que eu quero passar
Ó abre alas que eu quero passar
Eu sou da lira não posso negar
Eu sou da lira não posso negar
Ó abre alas que eu quero passar
Ó abre alas que eu quero passar
Rosa de ouro é que vai ganhar
Rosa de ouro é que vai ganhar
Mas com a dita popularização da festa, os sucessos carnavalescos somaram-se com o tempo:
ALLAH-LÁ-Ô
(de Haroldo Lobo-Nássara, 1940)
Allah-lá-ô, ô ô ô ô ô ô
Mas que calor, ô ô ô ô ô ô
Atravessamos o deserto do Saara
O sol estava quente
Queimou a nossa cara
Viemos do Egito
E muitas vezes
Nós tivemos que rezar
Allah! allah! allah, meu bom allah!
Mande água pra ioiô
Mande água pra iaiá
Allah! meu bom allah
(de Haroldo Lobo-Nássara, 1940)
Allah-lá-ô, ô ô ô ô ô ô
Mas que calor, ô ô ô ô ô ô
Atravessamos o deserto do Saara
O sol estava quente
Queimou a nossa cara
Viemos do Egito
E muitas vezes
Nós tivemos que rezar
Allah! allah! allah, meu bom allah!
Mande água pra ioiô
Mande água pra iaiá
Allah! meu bom allah
SACA-ROLHA
(de Zé da Zilda-Zilda do Zé-Waldir Machado, 1953)
As águas vão rolar
Garrafa cheia eu não quero ver sobrar
Eu passo mão na saca saca saca rolha
E bebo até me afogar
Deixa as águas rolar
Se a polícia por isso me prender
Mas na última hora me soltar
Eu pego o saca saca saca rolha
Ninguém me agarra ninguém me agarra
ME DÁ UM DINHEIRO AÍ
(de Ivan Ferreira-Homero Ferreira-Glauco Ferreira, 1959)
Ei, você aí!
Me dá um dinheiro aí!
Me dá um dinheiro aí!
Não vai dar?
Não vai dar não?
Você vai ver a grande confusão
Que eu vou fazer bebendo até cair
Me dá me dá me dá, ô!
Me dá um dinheiro aí!
Luxo: desfile da Mangueira no sambódromo do Rio de Janeiro Peter Ilicciev/Divulgação |
E assim, num processo natural em meio à agitação popular, surgiram as escolas de samba: a profissionalização do Carnaval. A primeira, criada em 12 de agosto de 1928, no Rio de Janeiro, recebeu o nome de “Deixa Falar”, modificado anos depois para a conhecida Estácio de Sá. Assim, nas capitais do Rio de Janeiro e de São Paulo foram surgindo novas escolas de samba, não demorando muito a criação de campeonatos para escolher qual escola era a mais bonita e a mais animada.
Ruas lotadas: população faz a festa nas ruas de Recife Google Images |