Por Esther Lucio Bittencourt
Vamos aos Trajes. Obama e Michelle estavam bem vestidos. Com sobriedade. A chefe do cerimonial do Itamaraty, entretanto, usava um azul berrante de blazer mal costurado, com os botões desejando pular das casas. O sapato, de salto alto, negro, contrastando com a saia branca, completou a tragédia.
Presidenta Dilma Rousseff, Barack Obama e Michelle Obama junto ao quadro "Abaporu", de Tarsila do Amaral Foto: Roberto Stucker/Divulgação |
Os Dragões da Independência, com suas vestes parecendo surradas, desenhadas por Jean Baptiste Debret e Dom Pedro I, em memória das cores da França, precisam ter as cores suavizadas. Sei que tradição é tradição, mas estética também é estética. O azul das camisas poderia ser menos agressivo. O falso dourado precisa urgentemente receber o mesmo tratamento das camisas, e as calças excessivamente brancas, que ferem os olhos, quem sabe, ficariam melhor num suave tom de areia. Afinal, não estamos em batalhas sangrentas, em tese, onde baionetas faziam o sangue espirrar.
A impressão que me passa, ao vê-los com seu estandarte, e realmente não entendo porquê, é de que estou no Haiti. Pressinto tremular atrás de cada um as folhas da bananeira. Esta visão é facilitada pela vegetação pobre do cerrado que se vê lá longe em Brasília. Pude reparar bem isto na passagem da comitiva do Presidente dos Estados Unidos, além de rasgos vermelhos na terra causados pela erosão das chuvas.
A banda, uma tragédia de agudos exagerados e ruídos de pratos deveria ser reestruturada antes de tocar novamente hinos. É preciso que os sons não sejam belicosos, que os possamos ouvir docemente e, para isto, o grave, as pausas, e a delicadeza ao soprar os instrumentos são necessários.
Dilma Rousseff e Barack Obama Foto: Celso Júnior / Agência Estado |
A Presidente, de vermelho, esperava na porta do Palácio. Trazia uma echarpe em tons de bege. O vestido poderia disfarçar a barriga de nossa Presidenta, bem avolumada, e é necessário descer um tantinho a bainha. O vermelho, cor que Dilma aprecia usar, pode e deve perder a uniformidade e receber mesclas discretas de bege. Afinal, nossa Presidenta não precisa estar sempre uniformizada.
O cabelo estava bem e realçava a beleza do rosto de Dilma Rousseff.
Os fotógrafos e cinegrafistas precisam aprender a não ficar na frente dos principais atores ocultando-os da visão da TV. Sabe-se que somente os paparazzi fazem assim e ali estavam funcionários do governo registrando o momento para a posteridade.
No mais, tenho a dizer, que lastimo ainda que o "Abaporu", de Tarsila do Amaral, esteja na Argentina e só possa vir ao Brasil por empréstimo. Esta falha precisa ser corrigida, com urgência.
Dragões da Independência |
Faltou apenas entre Obama e Dilma um abraço carinhoso, dada a receptividade do encontro. Neste caso, o protocolo deveria ser quebrado.
Mas, quem sabe, não sou eu a muito exigente? Vai ver! Mas juro que não gosto de morar no Haiti que me traz a lembrança das atrocidades dos ton ton macoutes, a guarda pessoal do Papa e do Baby Doc.