Por Esther Lucio Bittencourt
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Primeiro pegue um paraíso. Deixe correr cachoeiras, riachos, é preciso que muitas flores brotem e que a voz de Deus, geralmente tonitruante, se torne delicada.
Pegue então uma porção de barro, amasse com as mãos, leve-o até a altura da boca sagrada de Deus, e espere que ele assopre.
Após o sopro divino, repare como há vida na criatura: é um homem.
Pegue uma faca bem afiada e que tenha serra. Aproveite o cochilo deste homem, rasgue suas entranhas e retire-lhe uma costela.
Puft. E assim surge a mulher.
Por ser costela, foi comida. Por ser osso, é dura de roer. Por ser uma parte, não consegue sua completude. Por ser sobra, tem complexo de inferioridade. Não a leve ao forno, nem ao fogo brando.
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É um objeto para ser olhado e feito para servir, segundo as tradições e as culturas ocidentais e orientais.
Mas use-a com cuidado, porque tem caroço. Apesar de ter sido criada por um ente virtual, ela é real.