sexta-feira, 19 de agosto de 2011

BUDY BOLDEN´S BLUES




Por Esther Lucio Bittencourt


                                                                   Buddy Bolden


Buddy Boilden

Começo com Jelly Roll Morton cantando de tocando Buddy Bolden's Blues. Porque , simplesmente, não há discografia do Buddy Bolden, ele não deixou registro fonográfico. Dele só restou uma foto desfocada e lembranças de amigos e conhecidos.

Philip Michael Ondaatje, nascido no Siri Lanka, no Ceilão, é um escritor naturalizado canadense, que mora em Londres e escreveu o livro que se tornou filme: O Paciente Inglês. Mas dentre todos os seus livros, inclusive o Bandeiras Pálidas prefiro o Budy Bolden´s Blues, onde ele conta a história deste blueman de Nem Orleans, Louisiana que tocou um ragtime mais lento, com pitadas de blues, acabou louco e, segundo Ondaatje, em seu livro, morreu em um carnaval de New Orleans soprando sangue pelo cornetim, instrumento que foi substituído nas bandas de jazz pelo trumpete.

Buddy , que na passagem para o século XX- 1876-1931- tocava nos prostíbulos de Nova Orleans, em desfiles de bandas pela cidade, além de ser Barbeiro e editor de um jornal de fofocas, enlouqueceu aos 31 anos e foi confinado a um hospício pelo resto de sua vida. Formou sua primeira banda em 1895 e tocava música para dançar, o ragtime. Consta que fez uma gravação , ainda no tempo dos cilindros, mas o mesmo nunca foi encontrado.

“Edison construiu, então, com completo êxito, o primeiro armazenador de som da história - o fonógrafo. O aparelho empregava uma folha de estanho presa a um cilindro, o qual era impressionado por uma agulha movida por um diafragma de mica, seguindo os princípios de Martinville. Assim aconteceu: Em Nova Jérsei, mais precisamente em Menlo Park, no ano de 1877, nasceu a primeira máquina falante que realmente funcionava: o Tin-Foil Phonograph. A primeira gravação do mundo foi um poema, intitulado Mary had a little lamb, recitado pelo próprio Edison.” in tempo música



Em 2005 Ondaatje esteve no Brasil, em Parati visitando a Feira Internacional de Livros. O que me fascina em seu livro é o compasso em que foi escrito: como um jazz. Eu o li como se estivesse transportada para as ruas antigas de nova Orleans ouvindo as variações do Buddy em suas música, que Ondaatje usou para escrever seu livro. O livro foi escrito para se ouvir com os olhos.

Como se sabe sobre Buddy? Pelas histórias contadas e pelas influências que exerceu sobre outros jazzistas. Louis Armstrong, as nega. Um dos únicos a negar esta influência , dizendo que ele tocava muito alto e forte o cornetim. Já Wintom Marsalli, trumpetista , aceita que foi influenciado por ele. Gravou vários volumes da música de Mr. Jelly Lord (Roll Morton) que dedicou-se a seguir o trabalho de Budy Bolden.


Winton Marsallis-Autumn Leaves

Winton em Portrait of Louis Armstrong


partitura de Buddy com arranjo de Will Fly







Ondaatge não escreve uma biografia, mas um romance, quente, sensual e terno onde as mulheres de Buddy são descritas vivamente. Buddy bebia em excesso, drogava-se em demasia, abusava da força se seus pulmões doentes ao soprar seu cornetim, amava com intensidade e enlouqueceu. Ondaatje interpretou sua música nas letras com que compôs o livro que nos conta dele e que me inspirou a chegar a esta pintura.






Terminamos com Wynton Marsallis e a soprano Kathllen Batlle em dueto barroco, numa ária de Jauchzet Gott - Cantata BWV51.