quinta-feira, 18 de agosto de 2011

HELLO DOLLY!

AMOR E LOUCURA – QUANDO A VIDA VALE A PENA



Por Dorothy Coutinho



Certo dia os Sentimentos Humanos se reuniram para brincar. Depois que o Tédio bocejou três vezes porque a Indecisão não chegava a conclusão nenhuma e a Desconfiança estava tomando conta, a Loucura propôs que brincassem de esconde-esconde.

A Curiosidade quis saber todos os detalhes do jogo, e a Intriga começou a cochichar com os outros sobre uma possível trapaça. O Entusiasmo saltou de contentamento e convenceu a Dúvida e a Apatia, ainda sentadinhas num canto, a entrarem no jogo. A Verdade achou que isso de esconder não estava com nada. A Arrogância fez cara de desdém porque aquela idéia não tinha sido sua. O Medo não se arriscou e disse: “ah, gente vamos deixar tudo como está”. Como sempre perdeu a oportunidade de ser feliz.

A primeira a se esconder foi a Preguiça que foi logo se deitando no chão, atrás de uma pedra, ali mesmo onde estava. Escondido no arco-íris estava o Otimismo. A Inveja se ocultou junto com a Hipocrisia, que fingidamente atrás de uma árvore estava odiando tudo aquilo.

A Generosidade não conseguia se esconder porque era grande e ainda queria abrigar meio mundo. A Culpa ficou paralisada. Na verdade ela já estava mais do que escondida em si mesma. A Sensualidade se estendeu ao sol num lugar bonito e secreto para saborear o que a vida oferecia, porque não era nem boba nem fingida: o Egoísmo achou um lugar perfeito onde não cabia mais ninguém, o que é próprio dele.

A Mentira disse para a Inocência que ia se esconder no fundo do oceano. A Inocente acabou afogada. A Paixão meteu-se na cratera de um vulcão ativo, já o Esquecimento nem sabia o que estavam fazendo ali. Depois de contar até 100 a Loucura começou a procurar. Achou um, achou outro, remexeu num arbusto espesso quando ouviu um gemido: era o Amor, com os olhos furados pelos espinhos. A Loucura o tomou pelo braço e seguiu com ele, espalhando beleza pelo mundo. Desde então o Amor é cego e a Loucura o acompanha e juntos fazem a vida valer a pena!

Mas isso não é coisa para os medrosos nem para os apáticos, que perdem a Felicidade no matagal, onde rosnam os deuses melancólicos da acomodação.

Essa historinha é de um autor anônimo, por mim adaptada.