Carlos Frederico Abreu
Como disse no post sobre o metrô, os habitantes de Tóquio não são japoneses comuns.
Se você tem a (in)felicidade de morar em uma grande cidade, seja ela qual for, então muito provavelmente você não vai se surpreender com os modos de um toquiano, pois em tudo eles se parecem com um morador de qualquer cidade grande.
No caso específico dos japoneses, esqueçam as boas maneiras, a cortesia, a simpatia, a gentileza e a educação característica deste país.
Em Tóquio a coisa muda de figura.
Um exemplo disso se deu comigo em um kombini (loja de conveniência - o nome kombini vem do inglês convenience store).
No Japão a menor nota é de mil ienes e quase sempre, ao realizar uma compra, recebemos muitas moedas de troco. Então é comum juntarmos algumas toneladas de moedas com o passar do tempo. Uma forma de se ver livre delas é fazer compras em um kombini. Basta colocá-las (todas elas) sobre o balcão na hora de pagar, e o atendente com uma agilidade impressionante, separa as suas moedas, pegando somente o valor da compra.
É muito prático e em duas ou três visitas ao kombini, você liquida as danadinhas.
Bem… menos em Tóquio.
Entrei em uma Family Mart, fiz as compras e na hora de pagar, deitei uma mão cheia de moedas sobre o balcão. O atendente olhou para mim, olhou para as moedas, para mim e para o lado, então olhou o teto, o chão, e nada… Entendi que ele esperava que eu fizesse o ‘serviço sujo’. Separei as moedas eu mesmo e as empurrei em sua direção. Só aí ele se dignou a recebê-las.
Estranhei aquele comportamento e resolvi tirar minha dúvida nos dias seguintes em outros kombinis. Foi a mesma coisa em um 7-Eleven e depois em um Lawsons.
Mas não para por aí, é claro. Os toquianos falam alto em público, fumam onde não se pode fumar, jogam lixo no chão, não respeitam preferência, não trocam sorrisos nem pedem desculpas ao esbarrar com você.
Pois é. Deve ser por isso que quando em Tóquio, eu me sinto em casa!