sábado, 6 de agosto de 2011

FREDZILA - DESTINO: MONTE FUJI

Carlos Frederico Abreu

No Japão, a terminação -sama quer dizer "divino", e é usada para designar, basicamente, três elementos: o imperador, o monte Fuji e Zico.

Ele mesmo: o Zico. "Jico-Sama" tem um status de semideus no Japão, por seu futebol. Mas não é dele que nós vamos falar, e sim de um dos símbolos máximos do Japão.

Após a noite passada no ryokan, deixei Atami em direção ao Monte Fuji, levando comigo boas lembranças.

A chuva não dava tréguas.

Na televisão se falava de um tremor leve, alí mesmo na província de Shizuoka, mas meu verdadeiro temor é que o mal tempo impeça de poder ver o Fujisama em sua plenitude.

A expectativa chegava no seu auge.

Da base da montanha nada se via.

Visitamos o museu, assistimos um vídeo sobre a formação do vulcão, que na verdade eram três, e esperamos que com o passar dos minutos a situação mudasse. Mas nem isso.

Como programado, subimos no ônibus em direção à quinta estação (2.300 metros), a maior e a última estação que se consegue ir de carro, utilizando a estrada sinuosa.

A cada estação (são dez, sendo a última na beirada da cratera, à 3.770 metros), íamos parando, esperançosos que um milagre revelasse o topo da montanha.


Estávamos acima da maioria das nuvens, o ponto mais alto do Japão.

O vulcão tornou-se inativo a partir de 1700, e era considerado tão sagrado que a escalada só era permitida aos sacerdotes. A subida de mulheres só passou a ser permitida no ano de 1872.

Na quinta estação, trocentos ônibus de turistas como o nosso, e uma multidão, alguns munidos de bastão para escaladas e vestidos de branco, gente de toda parte do mundo, principalmente chineses.
Dali ao topo, pouco mais de um quilômetro de subida, se levava de seis a doze horas, dependendo da capacidade física e da trilha escolhida.


Nossa guia brasileira se afastou, dizendo que iria orar em um templo perto dali, pedindo ao deus dos ventos para levar as nuvens embora.


Fiquei admirando um tipo de cipreste que só cresce ali, pois daquela altitude para cima, praticamente não há vegetação.

Dez minutos depois ouviu-se um clamor geral, me virei e lá estava o topo do Fuji, maravilhoso, bem diferente do que vemos normalmente em cartão postal.


Ficamos todos emocionados.

Entramos no ônibus para seguir viagem em direção a Tóquio (distância de 110 km) satisfeitos, como se a viagem estivesse coroada ali e tudo mais que viesse a acontecer, fosse um extra.